Nesse 2023, quando o Baque Caipira, grupo percussivo de maracatu de baque virado de Piracicaba, comemora seus 10 anos de história, é que chega ao mundo seu primeiro álbum, como forma de valorizar a cultura piracicabana. Com 14 loas (cantigas de baque virado), o repertório faz referência ao Rio Piracicaba, aos lugares históricos da cidade, às histórias dos mestres e das mestras dos batuques paulistas, assim também como às cosmologias e narrativas de resistência de matriz negra e indígena, visto que Piracicaba foi terra das nações paiaguás e caiapós, bem como um território marcado historicamente pela escravidão. A obra “Baque Caipira: toadas de Piracicaba” será lançada nessa quinta (6), às 19h, pelo canal do Baque Caipira no Youtube.
Para celebrar o momento, essa festa online de lançamento do álbum conta com participações especiais de dois mestres pernambucanos, que são importantes inspirações e referências, com os quais o Baque Caipira mantém proximidade. O encontro reúne Mestre Maurício, da Nação Estrela Brilhante do Recife, e Mestre Levi, da Nação Xangô Alafim, para uma conversa sobre o diálogo entre as nações de maracatu e os grupos percussivos.
O registo documental do álbum, com as loas autorias do grupo, e também as apresentações com vivências, que ocorrem em abril e maio, compõem o projeto “Maracatu Baque Caipira se Espamarra pelos Chãos”, que foi contemplado no ProAC Edital 38/2022 de Cultura Popular. De acordo com Fernanda Ferreira, produtora executiva do projeto, “a metáfora Chãos está presente como ideia de pertencimento e sustentação. A terra é Chão, que nos vincula ao presente, a ser no mundo e com os outros. É o Chão que propicia liberdade e criação. Reconhecer e estar no seu Chão é abrir o caminho para a construção de identidades possíveis. O Chão que nos sustenta nos permite o afeto e a confiança”.
O Baque Caipira em comemoração aos seus 10 anos de história no “Chão” de Piracicaba, que é diverso nas suas raízes e ramificações culturais, quer se esparramar pelos terrenos da cidade, cultivando as suas potencialidades de multiplicação. Para tanto, as batidas do baque virado e outras linguagens rítmicas e melódicas das expressões tradicionais afro-caipiras encontram as ruas da cidade em duas apresentações de lançamento do disco, seguidas de vivências e oficinas, nesse mês de abril. No dia 16, domingo, às 10h, o ponto de encontro é no Centro Comunitário do bairro Eldorado I. Já no dia 30, domingo, também às 10h, as atividades acontecem na Comunidade Renascer.
O grupo percussivo realiza, em cada data, uma apresentação aberta à comunidade e em seguida uma vivência com os elementos formativos do Baque Caipira, que será conduzida pelo músico Maicon Araki. O intuito é que a comunidade tenha a experiência de fruir a apresentação e também vivencie o tocar, o dançar e o cantar maracatu.
Conforme destaca Natalia Puke, coordenadora do projeto: “apostamos em uma experiência em que a riqueza do repertório do grupo chegue nas diferentes comunidades e que a potência dessa manifestação provoque a continuidade das manifestações culturais em seus Chãos/Territórios, o fortalecimento dos vínculos afetivos, os laços comunitários, a valorização das identidades locais e os valores de pertencimento”.
SERVIÇO
Lançamento do álbum “Baque Caipira: toadas de Piracicaba”, quinta-feira, dia 6, às 19h, pelo canal do Baque Caipira no Youtube. Apresentações com vivências: dia 16, domingo, às 10h, no Centro Comunitário do bairro Eldorado I (avenida Romeu Ítalo Ripoli, 620). Dia 30, domingo, também às 10h, na Comunidade Renascer. Evento gratuito e livre para todas as pessoas.