O que é mais importante, curar a alma ou o corpo físico?

Alvaro Vargas

 

Todos desejamos uma existência saudável, livre das enfermidades. Entretanto, as doenças ocorrem e nem sempre nos atentamos para as suas causas. Sendo Deus um Pai Bom, justo e misericordioso, por que adoecemos? A esse respeito, Jesus, em várias oportunidades, esclarecia as causas das nossas moléstias, quando curava os enfermos. Além de exemplificar a caridade, restabelecendo a saúde dos necessitados, orientava sobre a necessidade de vivenciarmos a sua Boa Nova para termos uma saúde integral (corpo e alma). Em Jerusalém, após curar um paralítico, disse: “eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda algo pior”. (João 5:14). Evidentemente, como o enfermo se encontrava recluso na maca, não tinha condições de praticar iniquidades. Foi uma oportunidade para ele refletir, e aproveitar aquela experiência, realizando a sua transformação moral. Nesse aspecto, a doença lhe foi benéfica. Contudo, foi advertido pelo Mestre Nazareno, para modificar as suas disposições mentais de modo a não reincidir nos equívocos que originaram a sua enfermidade. O Espírito Amélia Rodrigues (FRANCO, D. P. Luz do Mundo, cap. 6) cita outro episódio em que Jesus reforçou esse ensinamento, quando curou um leproso. Ao testemunhar o evento, Tiago o questionou sobre a origem da moléstia. O apóstolo foi esclarecido pelo Mestre que a causa da hanseníase foram as iniquidades praticadas pelo enfermo, e seria melhor que ele não as repetisse, para não lhe acontecer algo ainda pior. Essas palavras escandalizaram Tiago, visto que, na época, não existia a cura para a lepra e se alguém a contraísse, teria o seu nome riscado do livro dos vivos (do templo judaico), e confinado no vale dos leprosos. Ele perguntou, então, o que poderia ser ainda pior do que essa doença. Em resposta, Jesus esclareceu que o pior não era a lepra, e sim, a perda da vida espiritual.

Sabemos que “Deus não deseja a morte do ímpio; quer que o ímpio se converta do seu caminho, e viva” (Ezequiel, 33:11). O Espiritismo esclarece que as enfermidades não são punições divinas. As leis de Deus são perfeitas, reeducando as almas em seu processo evolutivo até se tornarem espíritos puros. Entre elas, a lei de ação e reação, na qual estabelece, conforme o nosso livre arbítrio, as consequências de nossas ações. A cura do paralítico e do leproso demonstrou os efeitos de uma conduta dissoluta. No caso, ambos os indivíduos eram moralmente enfermos; cometeram iniquidades e acumularam energias negativas que lesionaram as suas almas. Como forma de controle visando restabelecer o seu equilíbrio, a alma drena essas energias deletérias para o corpo físico, ocasionado as doenças. É um processo equivalente à reação do corpo humano produzindo anticorpos visando combater um agente infecioso. Apenas uma reação fisiológica que Deus nos concedeu, por misericórdia, permitindo a recuperação da saúde de nosso corpo espiritual, que é eterno. Isso esclarece por que Jesus disse que a cura moral é mais importante que debelar uma enfermidade, e pode ser necessário várias reencarnações para recuperar a saúde do Espírito. “Se a tua mão ou o teu pé te fizerem cair em pecado, corta-os e lança-os fora de ti; pois melhor é entrares na vida, mutilado ou aleijado, do que, tendo as duas mãos ou os dois pés, seres atirados no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz pecar, arranca-o, e lança-o fora de ti, pois melhor é entrares na vida com um olho só, do que, tendo os dois, seres lançado no fogo do inferno”. (Mateus, 18: 8-9). Evidentemente, nesse ensinamento, Jesus se utilizou da “figura de linguagem”, visando enfatizar a importância de nos conduzirmos conforme os valores morais que ele estabeleceu. O Espiritismo esclarece que, se o espírito reencarnante já possuir os estigmas em seu perispírito, provocadas por equívocos cometidos em existências pretéritas, poderá apresentar sequelas no seu corpo físico nas próximas reencarnações.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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