Cartunista – Morre Caruso,  destaque especial do Salão de Humor de Piracicaba

Paulo Caruso no Salão de Humor de 2022, quando foi homenageado com paralela. Crédito: Divulgação

 

Faleceu na manhã de sábado (4) o cartunista, chargista, caricaturista e músico Paulo Caruso, nome recorrente do Salão Internacional de Humor de Piracicaba desde as primeiras edições do evento, ainda na década de 1970. Ele estava internado no Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Caruso, era figura constante em Piracicaba: no Salão de Humor, participou com obras na mostra principal, foi júri e presidente. Também assinou a arte do cartaz da 16ª edição do evento, em 1989. Sua última participação no Salão foi no ano passado, na 49ª edição. Ele realizou a mostra paralela Na Roda com Paulo Caruso, no Armazém 14 do Parque do Engenho Central, que contava com uma seleção de 40 charges e caricaturas autorais, feitas durante os mais de 35 anos do programa Roda Viva.

Junior Kadeshi, diretor do CDHU (Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação de Humor Gráfico de Piracicaba), lamentou a morte de Caruso. “Acordamos com a triste notícia de que perdemos nosso grande amigo Paulo Caruso. Sua história se funde com a do nosso Salão, pelo qual ele nutria um grande amor e que era recíproco. No ano passado fizemos uma homenagem a ele com a exposição de seus originais no programa Roda Viva. Foi muito bom ver a sua alegria em estar conosco, no lugar onde se sentia em casa: no meio de desenhos e artistas. Ficam as boas lembranças e a saudade do amigo e os traços do grande artista”.

Paulo Bonfá, o presidente da histórica 50ª edição do Salão de Humor de Piracicaba, que será inaugurada dia 26/08 deste ano, no Parque do Engenho Central, também se pronunciou sobre a partida do amigo. “As artes gráficas de humor perdem muito com a passagem de Paulo. Lembro que no 1º Risadaria, em 2010, ele mesmo me procurou e disse que gostaria de fazer um espetáculo. Foi com seu violão, objetos e caracterizações e apresentou uma performance acompanhada pelo público e outros comediantes no palco, todos reverenciaram o talentoso, ou o multitalentoso, Paulo. Deixa uma obra extensa e é um nome obrigatório na história dos nossos artistas gráficos de humor”, ressaltou Bonfá.

O secretário de Governo e da Semac (Secretaria Municipal da Ação Cultural), Carlos Beltrame, reforça as palavras de Kadeshi e Bonfá sobre a perda de Paulo Caruso. “Piracicaba e todo o Brasil estão em luto pelo falecimento deste artista histórico das artes gráficas do país e tão ativo no nosso Salão de Humor. Seu legado está registrado e, sem dúvidas, Paulo será bastante homenageado pela sua obra, que é eterna”.

TRAJETÓRIA – Paulo Caruso nasceu em São Paulo. Além de sua participação do Salão Internacional de Humor, ficou conhecido pela sua atuação em O Pasquim, ainda na década de 1970, ao lado de Millôr Fernandes (1923-2012), Jaguar e Ziraldo. Ele também ficou nacionalmente conhecido pelas charges nas revistas Época, Isto É e desenhos no programa Roda Viva, na TV Cultura. Era irmão gêmeo de outro famoso artista gráfico, Chico Caruso.

Teve, ainda, um relevante trabalho com histórias em quadrinhos e como músico, por meio da banda Conjunto Nacional. Em 1985, durante o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Paulo formou com Chico e outros cartunistas a Muda Brasil Tancredo Jazz Band. Luis Fernando Veríssimo, Cláudio Paiva e Mariano juntaram-se mais tarde ao conjunto.

Paulo Caruso publicou diversos livros, como As Origens do Capitão Bandeira, de 1983, e outros com cenas irônicas que acompanham a história política brasileira, Ecos do Ipiranga (1984), Bar Brasil na Nova República (1986), A Transição pela Via das Dúvidas (1989) e, em 2004, lançou São Paulo por Paulo Caruso – Um Olhar Bem-Humorado sobre Esta Cidade, em homenagem aos 450 anos da metrópole. Ele também recebeu muitos prêmios, como o de melhor desenhista, em 1994, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

 

 

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