Qual o destino das almas pecadoras?

Alvaro Vargas

 

Após a morte física, a vida continua plena de atividades. Permanecemos no mundo espiritual até conseguirmos nova oportunidade de reencarnarmos, conforme o sucesso ou fracasso na romagem terrena. A viagem de regresso para a verdadeira vida, no mundo espiritual, pode ser gratificante ou dolorosa, dependendo de nosso desempenho na Terra. Embora não exista um inferno eterno, as situações descritas pelos médiuns espíritas em inúmeras obras, apresentam quadros lamentáveis daqueles que cometeram deslizes morais nas experiências terrenas, pois permanecem nas regiões expiatórias do Umbral até que consigam ser resgatados pelos abnegados mentores espirituais. Morrer é fácil, mas libertar-se da morte após a sua ocorrência, é que se faz difícil. “A alma criminosa pode permanecer ligada aos despojos carnais até a sua decomposição, pois, se a morte é orgânica, a sua libertação é de natureza espiritual. Embora esse processo requeira apenas alguns minutos para os Espíritos nobres, os mais embrutecidos podem requerer alguns séculos”. (FRANCO, D. P. Nas fronteiras da Loucura, pelo Espírito Manoel P. Miranda, cap. 10). Colhemos sempre o que plantamos, pois, “a cada um, segundo as suas obras” (Romanos, 2:6).

As leis Divinas são perfeitas e regem todo o universo. Deus nos concedeu o livre-arbítrio, associado a lei de ação e reação. Portanto, podemos escolher o caminho que desejarmos, mas as consequências de nossos equívocos pertencem a nós mesmos. Durante a experiência reencarnatória, todas as nossas ações ficam impressas em nossa alma, que se plasma conforme o nível moral e as nossas atitudes empreendidas durante a vida. Almas nobres, ao desencarnar, apresentam-se iluminadas devido à caridade exercida na Terra. O contrário ocorre com os indivíduos que lesaram o próximo ou se deixaram conduzir pelos vícios. O perispírito se apresentará deformado, requerendo um largo período nas zonas purgatoriais e várias reencarnações reparadoras. Muitas almas, “ainda durante a autópsia, cujo comportamento na Terra foi dominado pelos apetites grosseiros, permanecem fixadas no corpo. Quando não fazem jus a assistência especializada, enlouquecem de dor, demorando-se sob os efeitos lentos do processo a que foram submetidos os seus despojos, como os cortes e serração, golpes nos tecidos e as costuras”. (Manoel P. Miranda, op. Cit., cap. 12).

Embora o drama dos suicidas seja impressionante, pelo sofrimento ininterrupto da alma por um período equivalente ao que ainda teria de vida na Terra, esta não é a mais penosa das desencarnações. Os que regressam depois de uma vida dedicada a corrupção, abusando da posição que exerceram nos cargos públicos, são os que mais sofrem os efeitos de suas iniquidades, devido ao número de pessoas prejudicadas. O Espírito Manoel P. Miranda (op. Cit., cap. 7) cita a sua surpresa ao observar criaturas espirituais de aspecto horrendo, ultrajadas, que se faziam arrastar por sicários, em correntes umas, em cordas outras. Foi esclarecido que “quando encarnados, esses Espíritos ocupavam situações invejáveis. Controlavam destinos, manipulando recursos alheios, falsificando documentos para atender a interesses inconfessáveis. Regulamentavam leis que desprezavam, ocultando a verdade, de modo a atenderem às paixões inferiores. Triunfaram sobre os fracassos dos outros, sorrindo do mar de lágrimas que provocavam. Aproveitavam os lugares de projeção, enquanto os dilapidados se lamentavam em desespero e miséria. Sentiam-se inatingíveis. Agora, sofriam, o que fizeram sofrer.” As ações criminosas acompanham o infrator como uma sombra, e nem sempre aqueles que foram prejudicados conseguem perdoar. Conforme mencionado por Miranda, no além-túmulo, aguardam o seu desafeto, perseguindo-o e torturando-o, às vezes por vários séculos, até que a misericórdia divina interceda a seu favor.

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Alvaro Vargas, engenheiro  agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

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