A cirurgia para a mudança de sexo afeta o corpo espiritual?

Alvaro Vargas

Conforme os postulados espíritas, Deus nos criou simples e ignorantes, permitindo-nos reencarnar inúmeras vezes para evoluirmos intelecto-moralmente. O nosso espírito imortal nunca regride e mantemos a nossa identidade psicológica, assim como todas as experiências e conhecimentos adquiridos nesse processo evolutivo. Embora as provas e expiações aqui na Terra possam parecer desagradáveis, compreendemos que não existe um caráter punitivo, mas experiências educativas, permitindo-nos aprender coisas novas e superar os equívocos pretéritos. Antes de reencarnarmos, concordamos previamente com várias situações a serem vivenciadas, como o país, a cidade, a família e o corpo físico. Nessa decisão, está também incluído o nosso gênero sexual, pois, “em sua realidade intrínseca, o espírito é assexuado e sem preferência ou psicologia específica para uma, ou outra experiência na organização física” (Loucura e Obsessão, cap. 6, Manoel P. Miranda e Divaldo Franco).
Nesse processo, é comum o espírito reencarnar reiteradas vezes na mesma polaridade sexual, e depois invertê-la, de modo a aperfeiçoar as suas experiências em ambos os sexos. Essa inversão sexual não causa a homossexualidade. Entretanto, isso pode ocorrer para aqueles que abusaram do sexo em existência pregressa e necessitam vivenciar essa reeducação cármica. Assim, o homem ou mulher que não souberam se conduzir nos padrões de dignidade e ética moral, exorbitando no uso de sua sexualidade, podem reencarnar em corpo físico de polaridade oposta à sua natureza, para aprenderem a valorizar e respeitar o sexo oposto. Infelizmente, devido à erotização da sociedade em que vivemos, valorizando os programas televisivos imorais, indivíduos de todas as faixas etárias e sociais, tem sido induzidos para a prática do sexo sem amor. Como consequência, o espírito Manoel P. Miranda em 2002, advertiu: “em face dos processos evolutivos, muitos espíritos transitam na condição de homossexual, o que não lhes permite comportamentos viciosos, estando previsto para o futuro um número tão expressivo que chamará a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos que deverão investir melhores e amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual” (Sexo e Obsessão, cap. 15, Divaldo Franco).
Embora os indivíduos sejam livres para tomar as suas decisões, a mudança de sexo por meio cirúrgico (redesignação sexual ou transgenitalização) não realiza uma mudança completa de seu gênero sexual, já que a sua fisiologia não pode ser totalmente transformada. O corpo físico é uma herança de nossas ações pregressas e a redesignação sexual significa querer burlar uma decisão divina. “No momento da concepção o perispírito é atraído por uma força incomparável, às células que se vão formando, nelas imprimindo automaticamente, por força da Lei de causa e efeito, o que é necessário à sua evolução, incluindo, sem dúvida, o sexo e suas funções relevantes” (Dias Gloriosos, cap. 14, Joanna de Ângelis e Divaldo Franco). “Como o psiquismo é o elemento mais importante na relação espírito-matéria, o ato de detestar o próprio corpo físico ficará impregnado na organização psíquica e repercutirá na reencarnação seguinte” (Sexo e Consciência, cap. 7, Divaldo Franco e Luiz F Lopes). A transgenitalização é uma autolesão e tem consequências negativas, diferindo da amputação cirúrgica para preservação da saúde, que não altera o psiquismo do paciente. De acordo com o espírito Joanna de Ângelis (op. Cit.), “na vã tentativa de mudar-se o sexo, na formação embrionária ou noutro período qualquer da existência física, desafia-se a lei de harmonia vigente na Criação, o que provocará distúrbios sem nome na personalidade e na vida mental de quem lhe sofrer a ingerência”. Importante ter fé em Deus e compreender que nada acontece por acaso, evitando a redesignação sexual.
_____
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita