As ideologias são como os óculos

Rodolfo Capler

 

Os óculos são muito antigos. Confúcio é o primeiro a registar o seu uso, em textos que datam de 500 a. C. Talvez o seu fundamental inventor (do modo como o conhecemos hoje), seja o matemático árabe Hal Hazen, que viveu na Idade Média.  Criado para auxiliar a visão, só ganhou popularidade por conta da inaptidão dos homens de avistarem bem realidade à sua volta.

Há variedades de óculos. Alguns possuem armações de madeira, outros de metal. Uns são constituídos de lentes monofocais, outros de bifocais e ainda outros de multifocais. Dependendo do tipo de lente que se use, pode haver a danificação dos próprios olhos; por isso é importante avalia-los muito bem na hora de utilizá-los. Uma análise de graus se faz necessária.

Existem óculos de sol, que protegem os olhos da superexposição à claridade. Há óculos que possuem lentes sem graus: servem apenas como adereço estético; não ajudam a enxergar. Alguns óculos são pequenos, outros cobrem o rosto por inteiro. Há brancos, pretos, vermelhos, verdes e acrílicos… sendo alguns mais modernos e outros mais vintages.

No mais, os óculos não fazem ver a realidade, muito menos substituem a capacidade de avistar as coisas. Há até quem diga sobreviver sem eles! Por outro lado, muita gente se apega aos próprios óculos, acreditando ver somente por meio deles. O que não podemos nos esquecer é de que eles estão aí apenas para nos ajudar a enxergar melhor – eles não são os nossos olhos!

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Rodolfo Capler, teólogo, pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP e autor do livro “Geração Selfie” (2021)

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