Por que Deus permite o aborto?

Alvaro Vargas

 

No quinto mandamento do decálogo apresentado por Moisés estáescrito: “não matar”. Esse profeta, dentre as suas muitas atribuições, tinha a missão de libertar o povo hebreu do cativeiro e criar as bases de uma nação que posteriormente receberia o Messias.Porém, os três séculos de servidão no Egito haviam transformado os hebreus em indivíduos que se preocupavam apenas com asua sobrevivência e procriação, sem qualquer outro objetivo na vida. Como o processo evolutivo ocorre gradativamente, foi necessário apresentar um Deus colérico e vingativopara reeducar aquele povo rebelde e politeísta. Nesse contexto, os “X Mandamentos” foram transmitidos mediunicamente por Moisésde uma maneira impositiva, uma adaptação da forma educativa queexistia no mundo espiritual, na qual o quinto mandamento assim dispunha em sua forma original: “responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires” (Evolução em Dois Mundos, cap. XX, Primeira Parte, André Luiz, Chico Xavier e Waldo Vieira).Ou seja, esse mandamento consiste em afirmar que somos responsáveis pelas nossas ações. Deus nos concedeu o livre arbítrio, mas estamos submetidos a lei de causa e efeito,própria da justiça divina.

O aborto é um infanticídio, um crime similar aos demaisassassinatos que ainda ocorrem em nosso planeta, cujas responsabilidades recaem sobre os ombros daqueles que osperpetraram, conforme o nível de consciência que detenham sobre o ato praticado e as suas circunstâncias.  Somos almas em evolução dentro do educandário terreno. Os equívocos que praticamos, como o aborto, trazem consequências severas que nos ensinam a nãoos repetir. Mesmo o nosso corpo físico, não nos pertence. Ele é um empréstimo concedido pela Divindade, pelo qual temos a obrigação de zelar até o término de nossa jornada terrena. Qualquer ação nociva que provoque o regresso antecipado da alma para o mundo espiritual é um crime. O aborto é ainda mais grave, por se tratar do assassinato do ser em desenvolvimento no útero materno. Quando não existe o risco físico ou psicológico para a gestante, não se reconhece o direito do indivíduo de provocar o aborto. As consequências desse ato pesarão na consciência dos envolvidos, e resultarão em um processo expiatório doloroso, destinado a despertar o arrependimento naqueles que delinquiram,atéo momento de reparação desse crime.

Devido ao nível evolutivo em que esse orbe ainda se encontra, Deus permite que as iniquidades ocorram na Terra. Como os seixos de um rio, que vão se polindopelo atrito de uns contra os outrosdevido ao movimento das águas, os reencontros das almas em expiação no mundo material permitem que a lei de causa e efeitose processe através da reencarnação,promovendo a evolução dos espíritos. Mesmo que existam atenuantes, geralmente aqueles que praticaram o aborto,necessitam estagiar nas regiões expiatórias do Umbral; após serem recolhidos, reencarnam com limitações orgânicas que poderão inibir a concepção de filhos. Aprenderão, assim, a avaliar melhor a importância da maternidade e da paternidade.

Com relação às almas daqueles que foram abortados, nada é perdido por Deus. Mesmo nas nossas iniquidades o Pai exerce a Sua misericórdia. Grande parte dessas almasabortadas, são espíritos que praticaram sérios crimes em existências pregressas (suicidas, assassinos,dentre outros). Ao cometerem certos delitos, esses espíritos prejudicaram o corpo físico edanificaram também seu corpo espiritual. Mesmo que tenham agora apenas um breve período gestativo até o abortamento, esse processo contribuipara a reconstituição do perispírito, atenuando aexpiação. Esses espíritos ficam ligados ao útero das possíveis gestantes, mulheres que sabidamente não aceitarão a gravidez, e que os mentores têm plena consciência de que poderão abortar. Deus é um Pai Amoroso, queem sua infinita misericórdia tudo realiza para atenuar o sofrimento provocado por nós mesmos. Podemos ser felizes e evitarmos muitos dissabores, bastando para que isso aconteça que não recalcitremos no mal, atendendo ao convite de Jesus para vivenciarmos os seus ensinamentos.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D, presidente da USE-Piracicaba, palestrante radialista espírita

 

 

 

 

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