Papai Noel: um exemplo de amor ao próximo

Rodolfo Capler

 

Há pelo menos oito décadas, a figura do bom velhinho, o Papai Noel, incomoda parte da cristandade. São muitos os crentes que implicam com a personagem natalina, que segundo dizem, rouba a cena do real protagonista do natal, o menino Jesus.

A esses cristãos, que na maioria das vezes são muito chatos, faz-se necessária uma viagem na história. A figura do Papai Noel remonta a São Nicolau, cristão que viveu na cidade grega de Lykia, no século IV. Nicolau, como era conhecido, era rico e muito generoso. De personalidade dócil era atento às crianças e aos mais vulneráveis, os quais sempre ajudava e presenteava.

Em 1807 muitos milagres passaram a ser atribuídos à sua intervenção. Na mesma época, Nicolau foi canonizado pela Igreja Católica e passou a ser chamado de“São Nicolau”. Em 1823 o teólogo Clement C. Moore o descreveu por meio de seu poema “Uma visita de São Nicolau”, como um velhinho com excesso de peso, alçado a um trenó puxado por oito renas, segurando um saco cheio de presentes. A partir da publicação do poema de Moore, a visão do Papai Noel, como um bom velhinho generoso que desce chaminés, se cristaliza no imaginário popular.

Em 1931, a Coca-Cola lança uma propaganda com a nova versão de São Nicolau oferecendo a bebida a uma garotinha. Na imagem ele usava casaco mais curto, um gorro vermelho no lugar da mintra, e tinha a barriga saliente, conforme descrita pelo poema de Moore. Com a campanha de marketing da Coca-Cola, nasce a lenda atualizada da imagem do Papai Noel que hoje vemos por todosos lugares em épocas natalinas.

O Papai Noel, que remonta à figura do grande São Nicolau — mesmo tendo sido cooptado pelo grande mercado — faz alusão a Jesus, com seu espírito de generosidade e graciosidade. O bom velhinho, enquanto viveu (no século IV), se rendeu ao exemplo de altruismo de Jesus de Nazaré, de modo que a celebração de sua figura é o analtecimento do amor ao próximo.

O bom velhinho, presente nas mais variadas campanhas publicitárias do mundo contemporâneo, representa o espírito natalino, que é marcado pela benevolência e alegria coletivas. Num tempo em que os ditos cristãos se afastam cada vez mais do amor e do respeito à vida humana, a figura do Papai Noel é um lembrete de como os cristãos devem se portar. Viva o Papai Noel. Feliz Natal!

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Rodolfo Capler, teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP

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