Carolina Angelelli
Mais do que nos inspirar, os serviços digitais na gestão pública devem ser encarados como fundamentais. Quantos serviços digitais você tem acesso? E quais você utiliza?
Com a pandemia, a procura por serviços digitais cresceu 200% e todos estamos aprendendo na prática que o futuro envolve menos papel e mais tecnologia. Esta é também uma das responsabilidades dos gestores públicos: desenvolver mecanismos que facilitem a vida dos cidadãos e ofereçam praticidade, afinal, o momento pede que possamos acessar facilmente tudo o que desejarmos onde quer que estejamos.
É redundante afirmarmos que a pandemia mundial do Novo CoronaVírus nos trouxe grandes desafios. Todos nós fomos obrigados a aprender a gerir as nossas vidas da maneira remota e com os gestores públicos não foi diferente.
É importante lembrarmos que a Lei do Governo Digital – Lei Federal nº 14.129/21, é enfática sobre a importância das plataformas online e também incentiva a adoção de serviços digitais que sejam gratuitos e menos burocráticos.
Gestores conectados já sabem que a tecnologia é mais que uma projeção para o futuro, deve ser uma forte aliada que garanta a entrega de valor a cidadãs e cidadãos.
Gestões de sucesso fazem da disciplina o ingrediente de suas metodologias e fluxos de processos co-construídos e mantidos por todos, cujos resultados são também de todos.
Em referência a uma de nossas propostas eleitorais de 2020, hoje quero discorrer sobre os serviços digitais de zeladoria
Nossa gente piracicabana acompanha aborrecida os inúmeros buracos nas vias públicas, o mato alto, a iluminação precária, as árvores que crescem trazendo constrangimento e riscos em locais inapropriados entre tantas outras situações.
Mas, como um gestor público deve lidar com a degradação do patrimônio público e histórico?
Uma alternativa é tratar a tecnologia e população como aliadas.
Os gestores podem e devem tornar acessíveis os diversos aplicativos inteligentes que já atuam com foco na zeladoria urbana, por exemplo, para resolver as demandas acima citadas e muito mais.
Os aplicativos servirão como instrumentos de transparência e eficácia da gestão pública e também devem apresentar o ranqueamento dos pedidos; datas das execuções e atuarão como instrumentos de denúncias em situações de vandalismo ou descaso.
Um exemplo bem interessante que posso citar aconteceu na prefeitura de Santo André/SP, através da zeladoria pública. A administração municipal desenvolveu recentemente uma campanha de sucesso dentro das plataformas digitais da Prefeitura Municipal intitulada “Operação Lata Velha” e recebeu dezenas de denúncias de veículos abandonados em vias públicas.
Após as denúncias a cidade foi limpa, os veículos que não foram reclamados por seus donos foram leiloados e o valor angariado com as vendas foi investido no programa “Eu Amo, Eu Cuido” da cidade.
A zeladoria pública municipal deverá atuar sustentada por um tripé de gestão: o setor de planejamento que terá dados coletados, o setor de distribuição e certificação dos serviços e o setor de realização.
Vocês devem estar se perguntando: “Mas, Carol, e quanto aos piracicabanos que não têm acesso a internet ou possuem dificuldades com a tecnologia?”
Segundo o IBGE, quase 40 milhões de brasileiros não tinham acesso à internet em 2019.
Como os serviços devem ser universais e é obrigação dos gestores públicos garantir o acesso de todos e a eficácia em suas execuções, fica uma sugestão: manter espaços públicos nas 6 regiões da nossa cidade que disponibilizem internet de boa qualidade, em horários especiais, com servidores públicos treinados para atuar em situações diversas.
Em minhas considerações finais, encerro este texto afirmando que basta um pequeno grau de empatia e uma boa dose de atitude para que questões simples, como o agendamento de vacinas nos nossos idosos, não ocasionassem situações tão constrangedoras como as que tivemos conhecimento.
____
Carolina Angelelli, presidente do PDT em Piracicaba