Bíblia Sagrada, assunto do coração

Rodolfo Capler

 

Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ganhei a minha primeira Bíblia. Eu tinha dez anos de idade e foi no dia do meu aniversário. Quem me presenteou foi a minha mãe. Nunca me esquecerei daquela pequena Bíblia de capa preta, e também do momento em que a peguei nas mãos. Foi a partir daquela experiência que comecei a me familiarizar com este, que é o mais amado e estigmatizado livro da história.

A Bíblia (transliteração do termo grego “βίβλια” que significa: livros ou escritos), sem sombra de dúvidas, é o livro mais lido, mais estudado e mais vendidode que se tem notícias. As bases da civilização ocidental foram lançadas sob os princípios ético-morais encontrados em suas páginas. Por séculos foram muitos os que tentaram neutralizar o seu poder transformador, como o imperador romano, Dioclesiano, que no século IV, ordenou que todos os seus exemplares fossem queimados.

A Bíblia tem sido alvo de ataques dos mais diversos. Alguns teólogos se ocuparam em sistematizar correntes de pensamentos que questionam a confiabilidade e veracidade dos relatos bíblicos. Segundo tais movimentos teológicos, a Bíblia é apenas literatura, por isso, deve ser despida de toda abordagem sobrenaturalista. No século XVIII, o grande pensador francês Voltaire, afirmara que dentro de um período de cem anos a Bíblia se tornaria um livro esquecido. Hoje a sua casa é ocupada pela Sociedade Bíblica de Genebra e a Bíblia é o livro mais vendido do mundo.

No século passado, mais precisamente no ano de 1981, a Academia Francesa de Ciências apresentou 51 “fatos” que supostamente refutavam a fidedignidade da Bíblia. Hoje nenhum desses “fatos” podem ser sustentados segundo o científico“método histórico-crítico de interpretação textual”. A Bíblia passou por esses e por muitos outros ataques e ainda hoje, continua sendo amada, apreciada e respeitada por bilhões de pessoas em todo o mundo. A sua força e o seu poder de fascinação, encontram-se no cerne de sua mensagem;de Gênesis a Apocalipse (do primeiro ao último livro da Bíblia), o enfoque é o amor de Deus pelo ser humano corrompido.

Para mim, falar sobre a Bíblia é assunto do coração, pois, foi por meio de sua leitura que minha vida mudou. Como homem de fé, creio que a Bíblia é conforme a Teologia Cristã Ortodoxa a define: “Palavra Inspirada por Deus” (do grego “theopneustos”: soprada por Deus).

Não pretendo através deste texto provar a fidedignidade da Bíblia, tampouco fazer proselitismo religioso – inclusive, essa nunca foi a proposta dos autores bíblicos, muito menos dos primeiros cristãos. O meu sincero desejo é que haja a difusão da aculturação bíblica na sociedade, pois é impossível alguém ter uma compreensão básica de teatro, música, literatura, filosofia e artes em geral, sem conhecimentoda Bíblia. Por essa razão, recomendo a sua leitura.

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Rodolfo Capler, teólogo, escritor e pesquisador do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP; e-mail: [email protected]

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