O que são os vírus, afinal?

José Francisco Hofling

 

Seres minúsculos com capacidade maiúscula de produzir doenças… Os vírus não são células à semelhança de tantas que temos em nosso corpo. Estão entre os menores e mais simples agentes infecciosos (capacidade de produzir doenças em vários organismos vegetais, animais e outros microrganismos, como bactérias). São parasitas intracelulares estritos – só fazem mal quando dentro das células – filtros esterilizantes, como os de água, não são capazes de retê-los, portanto passam…

São tão pequenos que não podem ser visualizados por um microscópio (instrumento para observar microrganismos) comum – aqueles que usamos normalmente para observar bactérias e fungos – sendo necessário, portanto, o emprego de um microscópio eletrônico capaz de detectar as nuances de nossas células e também dos vírus – somente são capazes de produzir doenças quando dentro das células que escolhem para parasitar, e a partir daí iniciam o processo de sua sobrevivência e capacidade de produzir doença, devido “tomar posse” das mesmas e torna-las aptas a trabalharem para eles, daí denominados de “parasitas intracelulares.”

Uma grande contribuição para os estudos dos vírus (virologia) foi a descoberta de que os vírus podem ser cristalizados… é um cristal mesmo! Quando o químico-orgânico Stanley cristalizou o vírus do Mosaico do Tabaco (VMT), em 1935, forneceu um poderoso argumento para que se pudesse pensar nos vírus como estruturas químicas simples, consistindo somente de proteínas e ácido nucleico (DNA), a estrutura da vida.

Desta forma, se pensarmos nos vírus fora das células, podemos considera-los como estruturas moleculares excepcionalmente complexas. No interior das células, a informação levada pelo genoma (DNA) viral faz com que a célula infectada produza novos vírus, levando-nos a pensar nos vírus como organismos excepcionalmente simples. Os vírus, portanto, não são constituídos por células, embora dependam delas para a sua multiplicação. Alguns vírus, à semelhança de muitos organismos, possuem enzimas (substâncias que digerem outras substâncias), como exemplo o HIV, vírus da AIDS, facilitando a sua ação na célula hospedeira e, portanto, formando outros vírus dando sequência à sua patogenicidade. Os vírus são protegidos por uma capa (tipo capa de chuva), que armazena e protege o material genético viral, mas nem em todos os vírus ela aparece.

Os vírus apresentam uma grande variedade de formas e de tamanho. O vírus da varíola é o maior vírus humano que se conhece, enquanto que o da poliomielite é o menor vírus que se conhece, mas talvez existam menores ainda, e para medi-los usa-se o termo “nanômetro”, a menor unidade de medida dentro da escala do sistema métrico, portanto, seu tamanho somente foi visualizado com o avanço da tecnologia na área de microscopia, graças ao avanço da ciência. Lembram da forma do covid-19? Uma bolinha cheia de protuberâncias? Pois é, existem formas mais esdrúxulas ainda que essa, originando uma infinidade de morfologias (formas) virais que nos causam espanto e curiosidade…

Como dizem os Ingleses… to be continued, ou os franceses, à suivre… para ser continuado…

GRIPE ESPANHOLA (1918-1919) – Esta pandemia apareceu na primeira guerra mundial e estima-se que tenha causado em torno de 50 milhões de mortes, contaminando aproximadamente 500 milhões de pessoas, na época 27% da população mundial. O primeiro a noticiar a doença foi a Espanha, daí o seu nome, mas na verdade, teria aparecido primeiramente nos Estados Unidos e China, causada pelo mesmo vírus da gripe H1N1.

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José Francisco Hofling, professor da Unicamp

 

 

 

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