O mito de Narciso – o homem que se amava

José Osmir Bertazzoni

 

Vamos iniciar nosso artigo de hoje com um reflexo do espelho, aquele que cada um vê e admira ao reflexo da sua própria imagem, o seu EU exterior, poder-nos-emos, com o devido zelo associá-lo, ao primo da prima da minha amiga que dizia ele ser tão apaixonado por si mesmo que procurava retirar sobrancelhas, retocar a pele e ficar por horas em frente ao espelho para se amar.

Nossa personagem é fictícia e será associada a um resumo da história de Narciso contada pelo romano Ovídio (43 a.C.-18) em sua obra “Metamorfose”.

Este mito é uma história cuja fama sobreviveu ao tempo e é uma das mais apreciadas na mitologia grega. Nos alfarrábios “O MITO NARCISO” julgava-se tão belo e deveras vaidoso que, renunciou várias mulheres nobres e bem afeiçoadas pretendentes e a alguns “bofes” bombados, acabou se apaixonando pelo reflexo da sua própria imagem espelhada em uma lagoa.

Esse MITO nos ensina que o excesso de vaidade e falta de empatia pelos outros podem ser prejudiciais. Narciso se tornou símbolo do individualismo e do excesso de amor-próprio.

Relata este MITO que Narciso é filho da ninfa Liríope e de Céfiso (deus dos lagos). Em uma certa oportunidade, Narciso ainda criança, sua mãe buscou ver o futuro com Tirésias (adivinha que realizava profecias) buscando informações e respostas se filho teria vida longa. A adivinhação deixou Liríope perturbada: “Ele só viverá muito se não se conhecer”.

Diferente do primo da prima da minha amiga que tem cara de tomate, Narciso chamava a atenção pela sua beleza. E em conformidade com o passar do tempo, não lhe faltaram meninas e meninos pretendentes, fascinados pelo belo moçoilo. Logo, Narciso não queria saber de nenhum “bofe”, desprezava quem lhe acenava.

Em um belo dia ensolarado, durante a realização de uma caçada no bosque, eis que Narciso fora surpreendido por Eco; ninfa que fora condenada a sempre repetir o final das frases pronunciadas por outros quando falavam. Maldição esta que havia sido decretada pela deusa Hera. A maldição a ninfa Eco foi importante porque ela distraia Hera nos momentos que Zeus lhe traia com urgias e amantes.

Imaginem que dureza o diálogo entre Narciso e Eco, algo previsível para nós, pois Eco somente repetia as últimas palavras que Narciso pronunciava. A ninfa tentou abraçá-lo e ele saiu correndo para se proteger na casa dos comuns.

Com um forte sentimento de rejeição, Eco se isolou no meio do bosque (ou nas redes sociais) dizendo que estava “obrando um monte pelo seu voto e de quem votou nele” e já não queria mais comer nem beber. Tempos depois, ela morreu, mas sua voz permaneceu. Eis a origem do eco.

Após o incidente que levou Eco a usar um protetor cervical, Narciso continuou desprezando todo mundo que ousasse querer conquistá-lo. Até que um dia uma ninfa clamou aos deuses que Narciso fosse punido. E a punição veio pelas mãos de Nêmesis, a deusa da vingança.

Olha a tragédia que aconteceu com Narciso quando de um passeio pelo bosque, não me lembro se foi na lagoa da Rua do Porto, na Esalq ou no Monte Alegre, Narciso conseguiu encontrar uma fonte de água cristalina (coisa rara, hein?) que até então nenhum ser vivo havia percebido ou imaginado. Debruçou-se sobre o espelho d’água e, sem saber de que se tratava de seu próprio reflexo, viu naquela imagem um belíssimo jovem que lhe retornava o olhar. A fulgência foi tão incontrolável que Narciso (o primo da prima da minha amiga) não conseguia parar de olhar para aquele impressionante rapaz dentro das águas. Estava, finalmente, apaixonado.

Em triste decorrência, coisas da vida, o amor de Narciso não fora correspondido. O “bofe” não saia de dentro da lagoa, que até se imaginava ser um peixe ou um sapinho, logo, nem abraçar o seu amado ele podia. Com todas essas decepções, Narciso recusou-se a abandonar a fonte d’água, com esperança de que um dia seu amor brotasse da lagoa para enfim abraçar seu amor.

Deprimido, infartado, nervoso, Narciso deixou de comer e beber e acabou definhando à beira da fonte d’água.

Significado do mito de Narciso

Narciso era tão arrogante e se sentia tão especial que, aos seus olhos, ninguém era bom o bastante para ele. Seu excesso de vaidade fez com que só se apaixonasse por ele mesmo! Assim, o mito pode ser lido como uma crítica ao egocentrismo e ao excesso de vaidade.

Qualquer semelhança com estes personagens é mera coincidência.

___

José Osmir Bertazzoni (63) jornalista e advogado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima