Violência (II) – Capitalismo x Democracia

Dissemos na edição anterior que a agressividade é um componente das pulsões e faz parte da vida. Se por um instante pensarmos no embate entre democracia e capitalismo já temos material suficiente para uma reflexão sobre a violência. O capitalismo leva o cidadão a consumir, possuir, desejar desenfreadamente o supérfluo, apenas como símbolo de poder ou posição social. Ao mesmo tempo a democracia prega direitos iguais a todos, numa sociedade de oportunidades diferentes, estratificada em classes que estigmatiza e exclui seus cidadãos.

Não é possível imaginar uma sociedade pacífica assim. O ser humano já vive um eterno conflito com sua civilização. Segundo Freud, todos têm que renunciar a satisfação de suas pulsões em nome de um bem maior, social.

Enquanto a democracia prega igualdade, o capitalismo estimula a diferença social. Observem como as propagandas de carros associam-no a uma maravilhosa mulher. Como ficam os cidadãos que trafegam em coletivos apertados, mais parecidos com latas de sardinhas?

Esse sentimento de exclusão é uma bomba relógio. Na medida em que o acesso aos bens de consumo vão ficando cada vez menos ao alcance de boa parte dos indivíduos, seu ódio vai sendo alimentado.

O problema se agrava quando a violência ganha um objeto específico como a violência contra a mulher ou contra a criança, muitas vezes com objetivos sexuais nessa última.

 

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“O novo sempre despertou perplexidade e resistência”. (Sigmund Freud)

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Sou filha de mãe francesa e de pai negro; sofri muita chacota na infância por ser mulata e gordinha e meus irmãos louros de olhos azuis. Com o passar dos anos me tornei uma linda mulher. Determinada, falando francês trabalhei como mulata do Sargentelli. Era muito desejada, me casei várias vezes e tive dois filhos, mas sou instável nos relacionamentos.Quando não funciona como eu quero interrompo sem remorsos. Sofri um acidente que me deixou deficiente, superei e me mantenho desejável, porém a imaturidade nos relacionamentos continua. Como mudar isso?

Claudia.

 

O preconceito sofrido pode ter sido abrandado pela superação que ao longo dos anos apresentou. A instabilidade nos relacionamentos, no entanto, pode estar relacionada a diversos fatores, sem a possibilidade de se apontar algum em específico.

De forma direta e objetiva, uma mudança nisso pode ser alcançada em um trabalho de análise, mais do que qualquer outra coisa. Você mesma pode perceber que apesar de ter alcançado degraus que denotam sua superação, a imaturidade se manteve. Mesmo sendo uma mulher linda, desejada, mulata do Sargentelli, e com tanta determinação, não foi possível alcançar a maturidade, pois essa diz respeito às emoções, à nossa vida psíquica, o que parece ter sido pouco trabalhada por você.

Qualquer outra coisa que eu diga seria um enorme chute, e o erro seria quase certo. É preciso investigar.

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