Desde que o homem começou a se organizar em grupos surgiu a civilização, o que exigiu dele a criação de normas e convenções para a organização da vida social. Isso é um imperativo da civilização humana, pois diferentemente dos outros animais, o desejo humano, singular a cada um, enfrenta obstáculos para sua realização plena.
Nas outras espécies animais o conflito se estabelece por necessidades de sobrevivência (alimento, território, proteção do grupo). Além de exclusivo ao homem, o desejo é fonte geradora de conflitos.
Nessa esteira surgem as normas e convenções, e o preconceito é inevitável. A imposição cultural de tais normas unida às diferenças subjetivas faz emergir o preconceito contra aquele que se apresenta diferente do grupo. Ser diferente pode custar uma vida marginal, na medida em que o indivíduo não reflete o narcisismo grupal. Obviamente o grupo vai atacá-lo por sentir-se ameaçado.
Quanto maior nossa dificuldade em aceitar as diferenças como uma condição da vida social humana, mais fácil de o preconceito ser expresso. Disso se deduz que nós todos somos, em algum momento, preconceituosos, mesmo contra nossa vontade. Incorporamos valores e crenças que às vezes não comportam outras formas de sentir, pensar e agir na vida. O que parece ser diferente é o grau em que o preconceito se expressa nas pessoas.
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“Contra os ataques é possível nos defendermos: contra o elogio não se pode fazer nada”.(Sigmund Freud)
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Fui passar esse Réveillon na casa de meu pai com minhas primas e meus dois filhos. Tive que dormir na cama de um meio irmão, que sempre me tratou com muito carinho, numa noite que eu estava bêbada. Ele me fez carinho até dormir. Acordei com seus carinhos em minha perna e correspondi. Nesse dia tivemos relações sexuais e passamos a agir como namorados. Voltei pra minha casa, mas sinto muito sua falta; falamo-nos todos os dias via fone, tenho ciúmes dele. Não consigo tirá-lo de minha mente e não quero magoar minha família. O que faço?
Telma.
Está evidente que o amor entre vocês ultrapassava há tempos o amor de meios-irmãos. Não ter sido educada no mesmo ambiente que ele favorece, até certo ponto, outra percepção da realidade. Apesar de ser irmão é também um estranho com privilégios de aproximação sem os riscos conhecidos.
Em nosso processo educativo nossa libido é recortada e moralizada. Em essência, o homem não é dotado de moral. Isso se aprende com a cultura no processo de socialização, para tornar a vida possível.O sentimento de vocês permaneceu latente por muito tempo, eclodindo agora com intensidade.
Sobre magoar sua família, ou você encara a situação ou não paga o preço de seu desejo. Mas não terá o direito de culpar ninguém por suas escolhas. Há sempre algum preço a ser pago, você é que sabe qual escolha está disposta a fazer. Considerar toda a idealização da situação é prudente.
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