Carolina Angelelli
A frase de Leonel Brizola não deixa dúvida sobre a importância de não rejeitarmos os apoios e sobre a diferença na execução de ações.
O que nos separa é menor…
A história do Brasil nos faz recordar da Frente Ampla lançada em 1966, que foi um Movimento Político lançado com o objetivo de lutar pela “restauração do regime democrático” no Brasil. Teve como principal articulador o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda – apoiador do Golpe de 1964 e contou com a participação dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Ganhando força
O movimento político contra a ditadura e pela volta da democracia foi ganhando corpo e conquistando a adesão de importantes emedebistas, como o secretário-geral do partido, Mário Covas, líder da bancada, o senador Josafá Marinho, figura proeminente da oposição e a provável adesão do governador destituído de Pernambuco Miguel Arraes também exilado.
Diretas já
No dia 10 de abril de 1984, estavam no mesmo palanque, unidos por um único propósito, os seguintes políticos: Afonso Arinos (PFL, atual DEM), Fernando Henrique Cardoso (MDB depois PSDB), Franco Montoro (MDB depois PSDB), Gerson Camata (Arena, MDB e depois PSDB), José Richa (MDB e depois PSDB), Leonel Brizola (PDT), Lula (PT), Miguel Arraes (PSB), Tancredo Neves (MDB) e Ulisses Guimarães (MDB).
O que unia gente tão díspar era o desejo por eleições diretas, depois de 20 anos de ditadura militar.
Colocaram suas diferenças de lado, e eram muitas e algumas intransponíveis, e abraçaram juntos essa causa.
Exemplos dos nossos irmãos latino-americanos
A Frente Ampla do Uruguai completou 50 anos de construção em 2021.
Organizada para as eleições de 1971, após o Golpe Militar de 1973, foi colocada na ilegalidade. Transcorridos 30 anos e já na democracia, elegeu sucessivos presidentes e é um exemplo de unidade em torno da ação política e da diversidade de pensamentos progressistas e de esquerda.
Na Argentina
A Frente de Todos organizou a coalizão de apoio ao presidente argentino Alberto Fernández e a sua vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner nas eleições de 2019.
O grupo busca a união de todos os setores do peronismo (incluindo o kirchnerismo), o progressismo e o radicalismo, incluindo os partidos políticos de centro-esquerda e esquerda.
A urgência da União pelo impeachment
Após o presidente agitar seus apoiadores e atacar a Constituição Federal em seu discurso nos atos de 7 de Setembro, lideranças de vários partidos progressistas e de centro-direita passaram a enxergar um sinal para a construção de uma frente ampla e apartidária contra o Governo Bolsonaro.
Juntos somos mais fortes?
Os atos contra o presidente do dia 12 de setembro estão sendo organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL).
O fato do convite para as manifestações ter partido deste segmento de direita conservadora, controversa e que já atuou ao lado de forças golpistas, vem dividindo o campo progressista. Alguns partidos confirmaram presença e outros não.
Centro e Direita
Gilberto Kassab do PSD e Baleia Rossi do MDB se pronunciaram e se mostraram dispostos a encampar o impeachment, caso Bolsonaro insistisse em colocar em prática o discurso entoado nos atos de Sete de Setembro.
Além das diferenças do campo de oposição ao Governo, partidos como MDB, PSD, PSDB e DEM, também soltaram pronunciamentos de seus presidentes após o Sete de Setembro e tendem agora a desmobilizar sua ofensiva contra o Palácio do Planalto após a carta à nação divulgada pelo presidente.
Isolado politicamente, o presidente precisou recuar em sua ofensiva contra as instituições para evitar o endosso ao impeachment.
As mobilizações deste dia 12 de setembro podem significar o início de uma oportunidade histórica para a construção de uma frente ampla pelo impeachment.
O Brasil não aguenta mais!
___
Carolina Angelelli, bacharel em Direito, presidente do Diretório do PDT em Piracicaba