Pandemia reduz em mais de 50% o tratamento de hepatite

Dr. Hamilton Bonilha é coordenador do SCIH – Serviço e Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Piracicaba – Crédito: Divulgação

Em 2017, o Brasil figurava entre os países mais comprometidos coma eliminação das hepatites virais. No ano seguinte, 2018, o país ampliou as modalidades profiláticas, prevendo acesso universal ao tratamento para todas as pessoas com infecção pelo vírus da hepatite C.

O planejamento das ações no País e seus resultados colocavam o Brasil em situação favorável ao cumprimento das metas previstas no Plano para Eliminação da Hepatite C.

No último ano, porém, o Brasil retrocedeu nas metas estabelecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e os indicadores de tratamento da doença tiveram queda de mais de 50% em relação ao ano anterior, provavelmente em razão da crise sanitária da covid-19.

Entre os anos de 2000 e 2018, foram notificados mais de 670 mil casos de hepatites virais no Brasil, com cerca de 75 mil óbitos; 76% devido à hepatite C, a única que não possui uma vacina, embora os novos tratamentos antivirais levem à cura 95% das pessoas medicadas no País.

Para controlar e até mesmo eliminar a doença, a OMS criou em 2010 o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Desde então, a data é celebrada todo dia 28 de julho para lembrar que essas doenças causam a morte de cerca de 1,7 milhão pessoas por ano no mundo.

De acordo com o infectologista Hamilton Bonilha de Moraes (CRM 51.466), coordenador do SCIH– Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Piracicaba, as hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que afetam o fígado, ou, em uma explicação mais simples, provocam inflamações do órgão.

O médico lembra que a grande maioria dos infectados não sabe que tem a doença. “Por ser silenciosa, quando começa a apresentar sintomas o quadro já evoluiu para uma cirrose ou câncer hepático”.

Segundo ele, levantamento feito pelo “Brazil’s Fight Against Hepatitis C”, com dados do Ministério da Saúde, constatou que o número de mortes por Hepatite C no Brasil diminuiu em 25% entre os anos de 2014 e 2018.

“Essa redução se deve aos tratamentos oferecidos pelo SUS que, desde 2016,oferece uma associação de antivirais mais eficaz”, revelou o infectologista. Ele lembra que a OMS determinou eliminar o vírus até 2030. Mas se nada for feito para reverter a tendência atual, até lá, cerca de 115 milhões de pessoas terão sido infectadas.

Bonilha alerta que, diante dos atuais acontecimentos, é preciso que os municípios incluam nos seus Planos Municipais de Saúde ações que visem a implementação das novas diretrizes da atenção básica, garantindo o funcionamento adequado do tratamento de pacientes com hepatite C. “Isso atenderia ao compromisso do País com as metas estabelecidas pelo Plano de Eliminação da Hepatite C”, reforça.

 

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