Uma consulta de rotina aos oito meses foi providencial na vida de Pietra Ramos Teixeira. Foi assim, com a ida ao pediatra e vários exames que se descobriu uma má formação no coração da bebê. Por isso, a Unidade do Coração do Hospital Unimed Piracicaba alerta para o diagnóstico precoce e a atenção adequada para superar essa condição.
“Depois de vários exames, a cardiologista pediátrica informou que no coraçãozinho dela tinha um ‘furo’. Esse era o problema: uma comunicação intra-arterial e intravenosa atípica, de forma que o sangue venoso se misturava com o arterial. Os médicos acreditavam que os ‘furinhos’ poderiam se fechar até os dois anos. Porém, isso não aconteceu”, descreveu Núbia Ramos, mãe da menina.
De acordo com Pablo Tomé, cardiologista que atua no complexo e que realizou a cirurgia de correção em Pietra, a cardiopatia congênita consiste em anormalidades na formação intraútero do coração e vasos sanguíneos e esse processo acontece durante o desenvolvimento fetal. “São alterações da estrutura ou da musculatura do coração que tem algum grau de comprometimento”, explicou.
Há dois anos, o Hospital Unimed conta com a Unidade do Coração e equipe de profissionais habilitados no tratamento de diversas condições cardíacas congênitas, além de investir em equipamentos de última geração, como aparelho de hemodinâmica, ecocardiografia com recurso 3D, tomografia cardíaca e UTI pediátrica e neonatal.
“É possível realizar vários procedimentos em patologias congênitas, como valvoplastias (dilatação de válvulas cardíacas), implante de stents em obstruções de artérias e veias, fechamento de defeitos congênitos como a comunicação interatrial e interventricular, tratamento da coarctação da aorta, fechamento por cateter da persistência do canal arterial em prematuros e lactentes, por meio de cateterismo cardíaco, minimamente invasivos, que possibilitam uma recuperação mais rápida em pacientes nessa faixa etária”, contou Tomé.
DIAGNÓSTICO
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta que, no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, são 10 casos de cardiopatia congênita a cada mil nascidos vivos. Cerca de 30 mil crianças nascem com a patologia. Dessas crianças, cerca de 6% morrem antes de completar um ano de vida.
Em situações graves, a doença pode ser responsável por 30% das mortes após o nascimento. Além disso, em torno de 80% dos casos diagnosticados vão precisar de alguma cirurgia cardíaca durante a sua evolução. “É possível diagnosticar alguns casos ainda no útero, porém outros só consegue confirmar mesmo após o nascimento e outros, que são menos graves, muitas vezes a criança se desenvolve bem na primeira infância e o diagnóstico acaba sendo feito na adolescência”, apontou o especialista. Ele reforça que o diagnóstico precoce permite que se faça uma programação do tratamento.
O cardiologista complementa que o ultrassom morfológico pode ser um exame auxiliar para o diagnóstico no útero. “Ao detectar alguma anormalidade, é importante que os ultrassonografistas encaminhem para um especialista”.