Resíduos de poda podem ser utilizados na agricultura

Proposta é que grupo encaminhe documento à Prefeitura – Crédito: Rafael Bitencourt

Com o objetivo de debater a gestão de resíduos da poda urbana e periurbana e seu uso na agricultura em Piracicaba, foi realizado no último sábado (3), no Sítio São João (bairro Campestre), o Dia de Campo, que seguiu todos os protocolos de proteção contra a Covid-19.

O evento teve coorganização do Sítio São João, TrituraPira, Tritucap, Paisagismo Amazonita, Mandato Coletivo A Cidade é Sua, Cooperativa Piracicabana de Horticultores, CSA Piracicaba, OCS Agroecológica, Casa do Hip Hop e USP Recicla.

Também foi coorganizador o projeto “Corredor Caipira: Conectando Paisagens e Pessoas”, executado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), com patrocínio da Petrobras.

O Dia de Campo é um dos desdobramentos dos ciclos de oficinas de hortas e agroflorestas urbanas realizado pelo “Corredor Caipira” junto à Escola do Legislativo. A realização compõe uma articulação que visa propor uma política de uso coletivo desse material orgânico oriundo de poda.

“As propriedades no município que têm esse compromisso socioambiental veem como oportunidade, não só para produção, mas para o município como um todo, o recebimento desse material que é chamado de resíduo, e para nós, agricultores, é um insumo”, afirma Julio Pupim, agricultor e anfitrião do Dia do Campo.

“O objetivo do encontro foi reunir as pessoas que dialogam em torno disso para que nós culminemos numa fórmula de benefício para o município, para os agricultores, e potencializar a produção urbana e periurbana do município de Piracicaba na produção de alimentos”, diz Pupim.

Economia, sustentabilidade e alimento de qualidade

A professora sênior da Esalq/USP, Adriana Nolasco, entende ser um debate importante, que se refere à questão socioambiental. “Para a prefeitura, como solução somente ambiental, seria mais fácil destinar para a energia, para um fim que tivesse um único receptor do resíduo. Mas, do outro lado, quando a gente olha para todos os benefícios para o uso agrícola, é uma solução muito interessante, muito rica”.

“Há o envolvimento do agricultor, a dinamização da economia local e produção de alimento de qualidade, além da destinação adequada do resíduo. Então, é uma iniciativa muito positiva que precisa de apoio para que isso se transforme numa política pública e una uma solução urbana com o uso rural, promovendo economia, sustentabilidade, bem-estar, alimento de qualidade”, explica Adriana.

A secretária municipal de Agricultura e Abastecimento, Nancy Thame, avalia ser necessário um olhar mais atento a essa questão. “É necessário ter um programa que feche esse circuito dentro do município. Para o agricultor, cada vez mais a gente vê essa necessidade de incorporar o resíduo orgânico. Aquilo que até algum tempo se chamava de lixo, é um resíduo, uma riqueza enorme que nós temos e que tem que incorporar, dando valor ao solo e à produção local”, afirma.

ENCAMINHAMENTO

Durante o evento, foi demonstrado um equipamento de trituração de materiais de poda para uso da agricultura, como estratégia de destinação desse material de forma a evitar que seja levado a locais inapropriados. O equipamento, de acordo com o consultor técnico Antônio Rugiero, “faz uma roçada segura” e tem como foco “ajudar a parte ambiental com essa tecnologia de trituração”.

A vereadora Silvia Morales, do Mandato Coletivo a Cidade é Sua (PV), ressaltou a importância da iniciativa. “Essa demanda de material de poda para ser utilizado na agricultura é muito importante, porque além de diminuir os resíduos nos aterros e nos ecopontos, esse material é utilizado. Além da diminuição dos resíduos, uma questão completamente ambiental, há a questão da agricultura, social e econômica, em que a própria economia fica na cidade e isso é muito importante”, diz.

Ao final do Dia de Campo, os participantes entenderam ser importante um diálogo em torno da questão junto à comissão de Agricultura da Câmara de Vereadores, além da de Meio Ambiente – da qual Silvia é a presidente. Além disso, a proposta é a estruturação de um projeto completo, de forma coletiva, a ser encaminhado à Prefeitura de Piracicaba.

 

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