Em uma observação não sistematizada talvez a projeção seja o fenômeno mental mais expresso nas redes sociais. Observo frequentemente o movimento de meu Facebook, às vezes instigo e provoco meus contatos com publicações. Há alguns anos notei que certa publicação se repetia em diferentes perfis femininos com a frase “Eu vou morar na Holanda por 2 anos”. No início pensei ser um fato, mas a repetição me levou a desconfiar, sem me incomodar.
Uma amiga de extrema confiança publicou-a e achei o momento ideal para questioná-la. Disse-me ela que se tratava de uma campanha contra o câncer de mama, e a frase era apenas para despertar a curiosidade dos homens, mantendo certo mistério no ar.
Fiquei reflexivo, pois havia semanas que via essa frase, e só perguntei pela liberdade que temos. Minha curiosidade em saber como aquilo funcionava para definir o país e o tempo que variavam foi muito maior que a campanha. Mas impedido o acesso à informação, me conformei.
Quero dizer que embora ambos sejam curiosos, isso é notadamente mais presente na mulher, e uma campanha que se pretenda difundir-se contando com a curiosidade masculina não pode se pautar em como isso acontece no universo feminino, salvo exceções.
A projeção reside em se pensar o outro com sua própria lógica, principalmente se esse outro é o outro gênero. O erro é quase certo.
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“Fui um homem afortunado; na vida nada me foi fácil”. (Sigmund Freud)
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Na pós-modernidade tudo é muito rápido, em busca do melhor, do mais bonito. O sociólogo ZygmuntBauman fala de um mundo líquido cujos laços humanos são cada vez mais frágeis; estabilidade virou utopia, um ideal que poucos alcançam. A depressão e outros males são mais fortes na pós-modernidade? Tais constatações podem se constituir como causas de problemas mentais?
A mudança de paradigmas com a globalização é marca da pós-modernidade. Na sociedade industrial (pré-globalizada), ‘pai orientada’, a figura paterna exercia um papel fundamental. Estruturada vertical e hierarquicamente, o pai funcionava como um orientador, uma bússola. Tínhamos ideais, metas; na escola o curso superior, na empresa um plano de carreira, a noção de hierarquia estava presente.
Com a globalização surge uma estrutura horizontal, organizada em tribos. Pais e educadores tentam em vão aplicar seu aprendizado nessa sociedade e não entendem o que há de errado. O jovem não pensa em longo prazo (o que não representa necessariamente um retrocesso). Eles chegaram nessa sociedade sem outra referência. Descobriram que a invenção vale mais que o conhecimento, e temos muito a aprender com eles. Os ideais que já não existem mais eram norteadores.
E o mal-estar muda sua roupagem. A depressão ou relações efêmeras surgem. Estabelecer uma relação causa-efeito não é tão simples quanto parece.
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