CPI na chapa

José Maria Teixeira

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi criada e instalada por força de mandato judicial para investigar a atuação do governo federal na pandemia do covid19 e levantar o responsável pela tragédia de três mil mortes dia foi posta na chapa. Isto é, vai ser preparada para torná-la inócua ou ainda palatável, ou seja pode até acontecer mas jamais como um instrumento apto a levar os possíveis provocadores de tamanha tragédia, três mil mortos dia, ao jugo da Justiça.   Os chapeiros, políticos habilitados para tanto alquimistas capazes de transformar pedra em pão devidamente convocados, já estão em campo dentro e fora da comissão.  Num primeiro momento, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se nega a aceitar o pedido de abertura de CPI alegando ser o momento para conciliação apesar da safra de quase meio milhão de vidas sugadas pelo covid19.  Ele só não disse conciliar o que com quem e porque. Embora o presidente Bolsonaro de quem ele, Pacheco, recebeu apoio e empenho que o levou à presidência do Senado, seja o principal foco da CPI pela sua atuação negativamente marcante no combate a covid19, a iniciar pelo celebre e já histórico diagnostico: “trata-se de uma gripezinha”. Felizmente, a subserviência ao falso patrão foi quebrada. O Judiciário ordena. Rodrigo Pacheco confessa sua contrariedade, sou contra. Mas, cria e instala a CPI sob o jugo do mandato judicial. Entretanto, sabedor de como inocular vírus de ineficiência em medidas sérias por falta de coragem e para dar satisfação aos seus introduz no objeto da CPI sob o manto de casos conexos os estados e municípios. Isto pode inviabilizar os trabalhos da CPI de maneira a nada concluir. CPI,  na chapa. Tudo indica pelo roteiro traçado ser esse o caminho da CPI: ouvir também prefeitos e governadores. Mas, porém, todavia, contudo, se assim for por pressão explicita do Planalto e subserviência de senadores dependentes de si mesmos e de seu grupo, a CPI ficará pronta no tempo propicio, pode ser servida ao gosto dos governistas que assim querem e que nada querem senão proveito próprio.  Pois compreende-se que nesse jogo estão também alguns governadores e prefeitos como capítulos de um mesmo livro. Porém, a serem lidos e tratados, num outro momento ou seja em uma outra CPI. Isto para que não se crie, nessa já instalada,  uma complexidade tal a gerar uma imunização coletiva e a responsabilidade de tal tragédia ser atribuída à  própria natureza. Não se assustem se isso ocorrer. Lembrem-se já tivemos convicção sem provas levando o réu  á condenação. A teoria do fato (mensalão)  arrastando inocentes ao tribunal e à prisão. O caso mais recente e intrigante (Lava Jato) que contrariou o dito popular: “Só é dono quem registra”. Pois bem, imóveis registrados em nome de outros e mais assegurados (penhorados) pela Justiça para pagamento de terceiros, mesmo assim disseram que a propriedade era de outro pelo que este foi processado condenado e preso, curtindo 580 dias de prisão.

Finalmente, nesta CPI, observando o princípio de que não há efeito sem causa, pode-se, seguramente, concluir que o responsável pela tragédia do coronavirs é o Sr. Jair Messias Bolsonaro. Este, sem esperar, encontrou na covid 19 o instrumento ideal para a realização de seu projeto: destruir o Brasil pela morte. Sua arma principal é a negação da ciência. Empenha-se na compra e produção de Cloroquina, via Exército, sabendo de sua ineficácia e efeitos colaterais, perigosos para o tratamento do coronavirus,  fato declarado e fartamente divulgado pelos órgãos mundiais da Medicina. Quer porque quer constar a cloroquina no protocolo de tratamento da covid19, inclusive tentando alterar a bula, cuja recusa a tais medidas provocou a saída dos ex-ministros Luis H. Mandeta e Nelson Tach .

O terceiro ministro dispensa comentários, para vergonha nossa, trata-se de um general da ativa do exercito nacional, Sr. Eduardo Pasuelo,  um teleguiado que, na falta de oxigênio nos hospitais em Manaus, mandou para lá considerável quantidade de cloroquina. Saiu pressionado até mesmo pelos  apoiadores do governo.

O atual ministro finge ter autonomia, pois acompanha o Bolsonaro pelo país como caixeiro viajante promovendo venda e uso da cloroquina, verbi gratia:  viagem a Chapecó em Stª Catarina.

Enfim, por tudo o que ai está, o povo brasileiro ainda deposita esperança nesta CPI como restauro deste instituto num estado democrático de direito. E repudia a fala de  seu presidente (…) em entrevista na Globo News, 15 passado: “… alguém colocou isso na cabeça dele”. Isso soa como se o pensar e agir no combate ao coronavirus, causa da enorme tragédia, não fosse do presidente Jair Messias Bolsonaro. Por Deus! Será o prenuncio de anistia geral e irrestrita pela CPI?!

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José Maria Teixeira, professor

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