A Boa-Nova de Jesus e o obscurantismo político chinês

Alvaro Vargas

 

As diferenças religiosas no mundo, com a pseudo justificativa de defender a “fé verdadeira”, geraram muitas guerras, como as ocorridas entre cristãos e muçulmanos na época das Cruzadas e entre cristãos (católicos x protestantes) na Europa. Com o desenvolvimento intelecto-moral da humanidade, essas diferenças se tornaram menos acentuadas, ocorrendo apenas em determinados locais e de forma esporádica. Com o surgimento da filosofia Marxista, que tem uma atitude crítica em relação às religiões, o embate passou a ser entre o Comunismo, doutrina dela derivada que é ateísta, e às religiões. Isso ocorreu na China, com a implantação do comunismo em 1949, que restringiu a atuação das igrejas, até que a Constituição de 1978 restaurasse algumas liberdades religiosas. O PCC (Partido Comunista Chinês), da mesma forma que mantém um regime extremamente rígido de controle sobre a população (número de filhos, liberdade de expressão, veículos de comunicação etc.), também monitora as atividades religiosas, que são vistas como uma ameaça existencial ao sistema político vigente, tanto assim, que o seu presidente, Xi Jinping, tem solicitado aos membros de seu partido para continuarem sendo “ateus e marxistas inflexíveis”.

A China, com uma população de 1,34 bilhão de pessoas, possui como religiões predominantes o budismo, o confucionismo, o taoismo e a religião tradicional chinesa, as quais contam com 800 milhões de seguidores, sendo que os seus adeptos geralmente professam mais de uma religião. Os seguidores do budismo e do taoismo não se consideram necessariamente religiosos por seguirem essas filosofias. O cristianismo, mesmo sofrendo sérias restrições religiosas, teve em seu número, um aumentou significativo de adeptos, desde 1980. Os católicos passaram de 3 para 10 milhões, enquanto o número de protestantes subiu de 3 para 58 milhões. O paradoxo na atuação do governo chinês, que prega o materialismo, foi estabelecer uma lei em 2008, proibindo a todos os monges budistas tibetanos de “reencarnarem” sem autorização prévia do PCC. Esse movimento, evidentemente, objetivou reduzir a influência do Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete (exilado na Índia), criando um sério atrito com o governo americano. Mesmo sendo um país declaradamente ateu, é no mínimo curioso que a China seja um dos principais impressores de Bíblias do mundo, sendo responsável por 25% dos novos exemplares que circulam no “mercado”.

De acordo com o Espiritismo, Jesus é o governador da Terra e nenhuma região do planeta fica sem a presença dos espíritos, que sob a sua inspiração, coordenam o nosso processo evolutivo. Entre os seus emissários, que reencarnaram na China, destacam-se Fo-Hi, Lao-Tsé e Confúcio, que apresentaram ensinamentos morais, que se assemelham aos ensinamentos de Jesus. Em obra editada em 1948, o espírito Emmanuel (A Caminho da Luz, Chico Xavier), esclareceu que embora a mensagem do Cristo não tivesse alcançado a China de forma significativa, essa situação iria se modificar. Com a expansão do cristianismo nas últimas décadas, isso parece ter se confirmado. Mesmo que cause preocupação as alterações indevidas no Novo Testamento da Bíblia chinesa (11/10/2020, Jornal Estado de São Paulo), e a insistência de Xi Jinping em estimular o PCC para adaptar as religiões à sociedade comunista, conclamando os líderes e instituições religiosas a demostrem fidelidade ao estado e à sua liderança, acreditamos na “visão” do espírito Emmanuel, conforme a opinião otimista do professor Fung Yang (Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista), para quem a China se tornará a nação com o maior número de cristãos do planeta, estimando 160 milhões de adeptos até 2025.

_______

Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima