A função política de determinados movimentos talvez seja um de seus principais papéis, tanto na luta pela cidadania quanto no combate ao preconceito tão arraigado em nosso simbólico. É uma luta mais do que justa, são vidas humanas em questão. O que me parece um tanto perigoso, e a mídia como formadora de opinião pública deveria prezar por maior discernimento, é entender que Moral e Ética guardam certa distância em determinados momentos, assim como coexistem em outros.
Em nome do politicamente correto excessos têm acontecido. Na edição passada descrevi um dos três filmes que compunham o kit gay. Da mesma forma os outros dois filmes apresentam a questão da homossexualidade com forte apelo moral, mas às avessas, na medida em que mostra a quebra do preconceito introduzindo outro conceito como possibilidade sexual e talvez uma opção às crianças, ainda com sua personalidade em construção, o que agrava a questão.
Se há um conceito na cultura e o diferente gera preconceitos, substituir um conceito por outro (como os vídeos sugerem) somente por ser seu avesso só agrava a questão original: a homossexualidade pode ser mais mal compreendida ainda.
O feminismo errou quando pleiteou direitos iguais mantendo privilégios diferenciados. O combate ao preconceito não é sexual apenas. É muito mais amplo.
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“Nas decisões importantes da vida pessoal devemos ser governados, penso eu, pelas profundas necessidades íntimas da nossa natureza”. (Sigmund Freud)
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Por que hoje em dia os homens na sua maioria se interessam somente por um corpão?
Graça.
Toda pergunta que generaliza comete o equívoco de querer encontrar uma resposta universal. Embora você tenha feito a ressalva, o foco da questão é sobre uma dada escolha supostamente do grupo masculino. Esse seria meu primeiro cuidado.
Feito isso, podemos pensar que há uma considerável parcela de homens que gosta de mulheres corpões. Mas há inúmeros motivos para tais escolhas. Em linhas gerais, há a ideia de poder que permeia o universo masculino e a mulher que acompanha um homem pode ser o legitimador desse poder, concernente ao seu poder sexual diante da sociedade. Em outras palavras, meu poder sexual supostamente mediria minha capacidade de conquistar e manter uma mulher-corpão ao meu lado. Esse raciocínio pode ser estendido a qualquer outro atributo feminino que atribua uma representação fálica ao homem, o legitimando num lugar de poder.
Isso é tão sério e tão presente à maioria do coletivo masculino que muitos homens não suportam muito bem a vida sem uma companheira. Paira sobre si a ideia de que se não tem uma mulher, está destituído de poder perante os outros.
Mas não posso me esquivar do fato de que por diversos fatores, vivemos um momento mais favorável ao homem que para a mulher no encontro com a outra pessoa. Ele tem maior poder de escolha que ela.