Para a presidenta da Apeoeso (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), deputada estadual Professora Bebel (PT), o decreto publicado pelo governador João Doria (PSDB), que classifica a educação básica como atividade essencial “é um escárnio para todos aqueles que adoeceram e morreram em virtude da Covid-19 nas escolas públicas estaduais paulistas”. O decreto libera a partir de 11 de abril a retomada das aulas presenciais da rede pública e instituições privadas de ensino. No entanto, apesar do decreto “oportunista, com o indisfarçável objetivo de dar continuidade às aulas presenciais em pleno agravamento da pandemia”, a deputada Bebel adverte que há uma sentença, em vigor desde 9 de março, proibindo a volta às aulas presenciais, em ação movida pela Apeoesp e por outras entidades ligadas à educação, que tem que ser cumprida.
Bebel ressalta que a educação é essencial sim, no entanto, pode ser dada no formato remoto. “Não concordamos com esta atitude irresponsável e exigimos respeito com os profissionais da Educação e toda classe estudantil. O Governo Estadual tem o dever de proteger vidas, decretando o ensino remoto e dando total infraestrutura para alunos e professores”, ressalta.
Levantamento da Apeoesp revela que já são mais de 2.339 casos de contaminação e 59 mortes entre pessoas que trabalharam presencialmente em escolas estaduais paulistas este ano. Para a presidenta da Apeoesp, o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, está cedendo ao lobby das escolas privadas pela volta das aulas presenciais e, para isso, “engana a população”, garantindo que as escolas sejam ambientes seguros.
Pesquisa encomendada pela Apeoesp ao Instituto de Arquitetos do Brasil e Dieese, realizada em agosto do ano passado, que resultou no Manual Técnico para Escolas Saudáveis, revelou que 82% das escolas não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes, além da falta enfermarias, quadras e ambientes ventilados.
Para Bebel, a atitude do governo é uma expressão da crueldade e do oportunismo de quem não valoriza a vida. “Nenhuma, absolutamente nenhuma linha em consideração ou deferência àqueles que pereceram. Qualquer semelhança com a postura de Jair Bolsonaro não é mera coincidência: ambos cultivam a mesma admiração e interlocução com próceres da mentira, ambos são craques da indiferença”, afirma.