Professora Bebel
O texto de Rossieli Soares no jornal Folha de S. Paulo de domingo (28), é um escárnio para todos aqueles que adoeceram e morreram em virtude da Covid-19 nas escolas públicas estaduais paulistas. É uma expressão da crueldade e do oportunismo de um governo que não valoriza a vida.
Nenhuma, absolutamente nenhuma linha em consideração ou deferência àqueles que pereceram. Qualquer semelhança com a postura de Jair Bolsonaro não é mera coincidência: ambos cultivam a mesma admiração e interlocução com próceres da mentira, ambos são craques da indiferença.
Vamos aos fatos:
Rossieli assegurou que as escolas eram capazes de garantir segurança sanitária a todos. Mentira revelada pelos dados e pelas evidências. Não sem aviso prévio: desde setembro a Apeoesp apontou as fragilidades da infraestrutura das escolas, em pesquisa encomendada ao Instituto de Arquitetos do Brasil e Dieese, que resultou no Manual Técnico para Escolas Saudáveis (disponível em www.apeoesp.org.br).
Rossieli fala de decreto que aponta a educação como serviço essencial. O decreto é oportunista, com o indisfarçável objetivo de dar continuidade às aulas presenciais em pleno agravamento da pandemia. Entretanto, desde março há sentença em pleno vigor proibindo a volta às aulas presenciais, em ação movida pela Apeoesp e por outras entidades ligadas à Educação.
Sem falar na greve que logrou êxito em conscientizar as famílias sobre os riscos envolvidos na aventura governamental na qual Rossieli insiste, mesmo com recordes diários de contaminações e mortes: menos de 5% dos estudantes voltaram às aulas.
A quem Rossieli responde? Ao contribuinte que o remunera ou ao lobby das escolas particulares? Ao interesse público, hoje concentrado na defesa do direito à vida, ou a outra sorte de interesses?
Essa é a pergunta que cada um de nós deve fazer a esse gestor, trágico e triste, que circunstancialmente decide (mal) os rumos da educação paulista.
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Professora Bebel, deputada estadual, presidenta da Apeoesp