Consequências físicas e espirituais do aborto

Alvaro Vargas

 

No Brasil, o código penal proíbe a prática do aborto, exceto nos casos de estupro ou risco de vida da gestante. Embora não existam números confiáveis onde não é legalizado, estima-se mais de 50 milhões de abortos anualmente em todo o mundo. Por ser um negócio lucrativo, várias instituições fazem “lobby” para a sua legalização em nosso país, que sofre ainda pressões políticas de organizações estrangeiras que acreditam ser necessário um maior controle demográfico em nossa sociedade. Na América do Sul, dois países legalizaram a prática do aborto. Uruguai e Argentina, em 2012 e 2020 respectivamente. No primeiro ano após a legalização no Uruguai, ocorreram 6 mil abortamentos. Esse número aumentou em 30%, três anos depois, evidenciando que essa permissão estimulou a prática abortiva. Resultados semelhantes ocorreram na Austrália, Espanha, Inglaterra e Suécia, quando comparado os números atuais, com o primeiro ano da legalização nesses países.

No aspecto físico, as complicações clínicas advindas dos abortos clandestinos, provocados na esfera ginecológica são inúmeras, podendo causar a letalidade da mulher. No campo psicológico, são comuns os processos depressivos subsequentes que acometem as mulheres que se submeteram à eliminação da gestação indesejada, com possibilidades de ocasionar a depressão e até o suicídio. Parte da responsabilidade para esse equívoco, pode ser atribuída às campanhas realizadas pelos movimentos pró-aborto, que se baseiam na falsa premissa de que como o corpo físico pertence à mulher, é lícito provocar o aborto. Mas o feto é outro indivíduo, portanto, mesmo estando provisoriamente em seu corpo, não lhes confere o direito para eliminá-lo. Considerando o nível evolutivo de nossa sociedade, a proibição é necessária, pois muitos cidadãos baseiam o seu código de ética e conduta na legislação vigente. Assim, mesmo com nossas limitações de baixa renda e escolaridade, esta proibição mantém na nossa nação, proporcionalmente em termos populacionais, índices abortivos menores do que em outros países mais desenvolvidos como a França, Suécia, Inglaterra e Japão.

Embora as religiões institucionalizadas cristãs em nosso país condenem o aborto, seria necessário que o fizessem com maior rigor, pois muitos fiéis acreditam que a simples confissão de sua falta a um padre, ou a premissa de que “basta crer que está salvo”, permite o desaparecimento das gravíssimas consequências do aborto. Sabemos que não é assim, pois o aborto é um infanticídio. O Espiritismo esclarece que renascemos várias vezes para evoluir, e durante o processo reencarnatório, o espírito é ligado ao embrião desde a fecundação do óvulo. Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, Questões 358-359) cita que “o aborto é um crime, pois transgride a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, pois isso impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando. O aborto, pois, só se justifica quando a gravidez gerar risco à vida da mãe”.

Toda agressão cometida contra o nosso próximo agride também o nosso corpo físico e espiritual (perispírito), com reflexos nas reencarnações subsequentes. “O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória” (Gálatas, 6:7-10). De acordo com o espírito Manoel P. Miranda (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 5, Divaldo Franco), “infecundidade e frigidez, qual ocorre com outros problemas femininos, decorrem, naturalmente, da usança irregular da sexualidade em encarnação passada, bem como a de abortos perpetrados pela irresponsabilidade e requintes de egoísmo”. Entretanto, no caso de aborto espontâneo, trata-se de um resgate cármico para os pais e para o espírito reencarnante, conforme a necessidade evolutiva dos envolvidos. Uma vez resignados e confiantes em Deus, estarão livres das causas que geraram essa experiência dolorosa.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

 

 

2 comentários em “Consequências físicas e espirituais do aborto”

  1. Importantíssimo esclarecimento. Eu diria mais: o corpo é da mulher que deverá ser usado com responsabilidade, respeito, comprometimento. Existem muitos meios contraceptivos, doados e orientados nas clínicas de família do nosso país. A mulher escolhe o que melhor lhe convier. Nosso país já faz controle da natalidade há anos e, portanto, não acho correto existir uma lei que facilite o infanticídio. Como foi citado, no texto acima, a semeadura é livre mas a colheita é certa. Parabéns!

  2. Nossos indices abortivos sao menores porque como o aborto é proibido, sao feitos na clandestinidade sem possibilidade de contagem oficial. Entretanto existe a contagem de mulheres que dão entrada no SUS com complicações pós-aborto provocado ou não. Mulheres sem recursos, porque as que os têm pagam bem e não aparecem no sistema de saude público em situação de risco de morte. Por isso o aborto è questão de saúde pública, porque a morbimortalidade causada pelo aborto clandestino é maior que a exposta pelos números oficiais. A descriminalização do aborto è importante para que menos mulheres pobres morram, porque quem pode, paga bem e não tem complicação, independente de ter ou não proibição.

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