Homofobia (III)– Depoimento

A complexidade em se delinear claramente a homofobia jurídica e socialmente causa grande reboliço quando em discussão. Como dito na edição anterior, provoquei o debate no Facebook e a reação do ‘politicamente correto’ foi maciça. Alguns tomados de passionalidade outros mais racionais.

Incomodado com a confusão, tive uma breve conversa virtual com o Marcelo, amigo gay para obter sua visão da questão, que me permitiu publicar alguns trechos dela:

“Não enxergo como homofobia(usar camiseta com os dizeres orgulho hetero). Afinal, se alguém usa orgulho gay, poderia ser caracterizado como heterofobia, não? Encaro isso como o caso daqueles adesivos ‘sou feliz por ser católico’ e outros ‘sou feliz por ser cristão’. O problema está em dar voz a uma minoria.”

Dar voz a uma minoria! Essa é uma das questões centrais, porém como fazer isso? Porque gostemos ou não, são seres humanos e sujeitos a todas as vicissitudes às quais também estamos. Só podemos exigir respeito e amor se primeiramente oferecermos. O que temos feito, no entanto, a não ser repudiar, hostilizar, discriminar o diferente?

Marcelo ainda diz que “o preconceito parte de quem é discriminado (…) o gay já é tão discriminado e vítima de preconceito que age da mesma forma com o seu semelhante”. Nessa última colocação sua fica claro como a violência (em forma de preconceito) se volta ao grupo opressor. Assim nasce a violência social.

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“Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim”. (Sigmund Freud)

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Não consigo ficar mais de um mês com alguém que já começo a achar um monte de defeito, tento fazer que ele fique bravo comigo. Fico com ciúmes e do nada ele some. Depois que ele vai embora sinto sua falta! Como faço pra mudar isso e segurar um homem por mais tempo sem me enjoar dele?

Gisele.

 

É engraçado que você ache que o sumiço dele tenha sido “do nada”. Você mesma confessa todo o empenho para afastá-lo de si. Sua queixa se baseia na dificuldade em administrar um relacionamento e ultrapassar seus obstáculos. É óbvio que em algum momento a pessoa vai se cansar, e nesse instante a falta provocará o desejo, motivo pelo qual você passa a sentir a perda.

Por eu ter contato virtual com você, sei que é dona de uma beleza cobiçada por muitos rapazes. Isso de certa forma facilita não permanecer num relacionamento, mas ainda assim tenho a impressão de ser algo de sua estrutura de personalidade. É preciso saber lidar com a falta, com o vazio. A voracidade que se expressa quando alcança um objetivo e logo se muda a outro é um problema comum de estruturas com dificuldades de lidar com a castração. A completude do ser não é possível, mesmo com o outro que supomos nos preencher.

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