Mas, quem são os pobres?

Antonio Lara

 

Outro dia, num “debate” do canal de TV CNN, um ativista político, perguntou ao outro debatedor: “Quem são os pobres do Brasil?” Acho que a pergunta foi retórica, pois já faz tempo que o mais desatento dos leitores, sobre esta querela social, sabe quem são os pobres no Brasil. Um dia desses eram 16,5 milhões os que vivem na extrema pobreza no país do futebol. Uma barbárie à brasileira.

Peritos definem a pobreza como a necessidade crônica dos elementos básicos para sobreviver. Outros a definem como a desigualdade entre os que podem adquirir certos bens de consumo e os que não podem. Creio que é necessário conhecer os pobres e os fatos da pobreza. O conceito de pobreza é amplo. Expressa a angustia de ser oprimido e de carecer de uma vida harmônica e equilibrada. Devem-se considerar os contextos culturais, já que os desenvolvimentos das pessoas afetas sua cultura. Há alheamentos culturais, percebidos pelo mais simples cidadão, ante as diferenças entre a sua própria realidade de pobreza iminente e a descrição de uma realidade de êxito projetada e sancionada pelos meios de comunicação.

No Brasil, outro fomentador da pobreza, vistas a olho nu, é a desigualdade social. Três quartos da riqueza existentes estão concentrados nas mãos de apenas 10% da população. Isto é, riquezas imensuráveis continuam nas mãos de poucos enquanto a miséria é privilégio de muitos. Mas, dizem os especialistas no assunto, já foi pior!

Alguém pode dizer que essa “desigualde esmagadora” é a realidade da historia da humanidade, com tendência a se perpetuar, pois que chegou até aqui debaixo de grande dilema no paradoxo humano (na minha ótica sem solução terrena) da convivência dos dominadores (ricos e poderosos) com os dominados (pobres e miseráveis) e das diferenças entre países de primeiro mundo com países emergentes do terceiro mundo.

A pobreza não consiste somente na necessidade ou falta de recursos, mas de poder, de conhecimento, de ajuda e de esperança. Contudo, ninguém ou alguém é pobre por vocação e opção consciente. São pobres, porque vitimas de determinada situações estruturas econômicas, sociais e políticas. É essa estrutura perversa de inversão de valores, produto do mau moral, que suscita a pobreza; os famintos, o favelado, o menino de rua abandonado, pelo pai desempregado; a alarmante exploração sexual infantil; a tirania política, a maldade e o cinismo dos vendedores de drogas?

Pelos dados do Sistema Nacional de informações sobre saneamento, o país tem 35 milhões de brasileiros sem acesso à água, mais de 100 milhões de pessoas sem coleta dos esgotos e somente 44,92 dos esgotos tratados. Isso significa que temos um enorme desafio para que o saneamento básico chegue a todos os brasileiros. Nesse caso, de fato, os pobres nesse contexto de total ausência de saneamento básico.

Conclui-se, que o maior desafio para nós brasileiros, diante dos pontos levantados, é pensar nos porquês da maioria do povo brasileiro viver em situação de risco e miséria?

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Antonio Lara, é articulista; [email protected]

 

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