Covid-19, melhor que curar é não pegar

Dirceu Gonçalves

 

As 1726 mortes por Covid-19 registradas no período de 24 horas e apuradas no levantamento nacional do consórcio dos veículos de imprensa, nos conduzem à mais incômoda realidade: a pandemia, em vez de acabar, atingiu o seu nível mais alto e – o pior – ninguém pode garantir com relativa segurança que ainda não ocorrerão dias mais críticos. Especialmente depois da identificação da Variante Manaus do novo coronavirus, já disseminada em muitas localidades e preliminarmente descrita como mais agressiva e com capacidade para acometer também pacientes jovens e escapar dos anticorpos da vacina. A divulgação alarmista do quadro não terá qualquer valia se não servir para, ao mesmo tempo, para a conscientização da população quanto a necessidade de se proteger para não contrair o mal. Principalmente depois que o número de mortos aumentou em proporção ao de infectados.

Os esforços que os governos dos três níveis, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) têm envidado para garantir tratamento dos doentes e fazer a vacina chegar à população, são pertinentes, apesar dos desencontros e intransigências registrados. É certo que, no resumo final da pandemia, cada agente terá a seu favor (ou desfavor) o resultado do comportamento adotado. Por isso, é melhor que se entendam e façam o melhor para diminuir o sofrimento do povo.

A mais simplória das providências deve ser a não glamourização da pandemia – que é um mal e assim deve ser identificada – e fazer disso o instrumento para convencer as pessoas a não descuidarem das medidas básicas de proteção (distanciamento, não aglomeração e higiene total das mãos, que servem de veículos para introduzir o mal no corpo através da boca, olhos, nariz e possíveis ferimentos). É preciso dizer claramente que melhor e mais seguro do que se tratar é não contrair a Covid-19.

As autoridades que hoje defendem o lockdown e, em vez disso, deveriam exigir que os meios de transporte observassem as normas de distanciamento e limite de passageiros para possibilitar que os cuidados recomendados no trabalho e na vida das cidades não naufraguem dentro dos ônibus, metrôs e até nos aviões. Fiscalizar e punir com rigor os realizadores de festas e aglomerações clandestinas, mesmo quando isso ocorre em zonas periféricas e de alta periculosidade, pois o vírus não reconhece cidadania, classe social, nível econômico e outras variáveis. É preciso, dentro do estado crítico em que passamos a viver, prender em flagrante por periclitação da saúde pública e da vida humana os que, com atividades proibidas ou ilegais potencializarem a proliferação do vírus,

Em vez de fechar os negócios – o que leva à derrocada econômica – o melhor é fiscalizar o cumprimento dos protocolos, isolar apenas os vulneráveis e deixar que os demais se mantenham em atividade, quando possivel em home-office. O quadro de hoje é algo parecido com o de guerra. Em vez das bombas, foguetes e armamento destrutivo, das batalhas convencionais, temos o vírus invisível e desconhecido, que provoca tantas ou mais mortes do que qualquer conflito bélico. É hora de responsabilidade. Cada um tem de fazer sua parte para evitar o comprometimento de todo o conjunto da população.

Por fim, é inevitável discorrer sobre a pandemia sem deixar o apelo às autoridades e aos  detentores de qualquer tipo de poder na sociedade: Resolvam suas diferenças de forma civilizada sem que isso potencialize a pandemia ou provoque ainda mais mortes. Mirem todos no combate ao mal e deixem para depois cuidar dos interesses eleitoreiros. Atuem com humanismo e humanidade…

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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); [email protected]             

 

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