Professora Bebel
Mesmo acuado com as declarações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que, em carta aberta pediu nesta segunda (1º) toque de recolher nacional contra a pandemia e suspensão das aulas presenciais em todos os níveis, e do próprio secretário de Saúde do governo Doria, que também defende a suspensão das aulas, o secretário paulista da Educação, Rossieli Soares, insiste em sustentar seu erro, mantendo e querendo ampliar as aulas presenciais no estado.
Como informou reportagem do UOL desta terça (2), Rossieli Soares tem defendido que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a abrir, uma vez que, no seu entender, o longo tempo de fechamento estaria causando “prejuízos às crianças e adolescentes”.
Dessa forma, o que faz o secretário é tentar resistir em sua posição genocida e, para isso, está usando a vida das pessoas numa luta pessoal com o sindicato dos professores, a Apeoesp, que, desde o início da pandemia, vem defendendo o fechamento das escolas e a manutenção de aulas somente remotas, como forma de conter a propagação do Covid-19 e, assim, defender a vida das pessoas.
Evidentemente não foi por falta de aviso e de informação. Além de todas as tratativas, em setembro de 2020, O IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil, seccional paulista) e a Apeoesp lançaram o Manual para Escolas Saudáveis, colocando em números alarmantes a situação das escolas do estado.
De acordo com o levantamento do IAB, 11% das escolas paulistas não têm sequer pátio para as crianças. Pior que isso, 99% não têm enfermaria, consultório médico ou ambulatório. Por fim, 82% têm no máximo 2 sanitários para uso dos estudantes, o que inviabiliza qualquer possibilidade de garantir condições sanitárias mínimas para as crianças.
A pergunta que fica é: por que o secretário Rossieli fez questão de ignorar esses dados e seguiu na sua sanha de colocar em risco toda a comunidade escolar? A resposta, com certeza passa pela política. Não a política interessada em cuidar das pessoas, mas aquela só voltada à conquista de poder pessoal, ainda que às custas de mortes que poderiam ser evitadas, inclusive de crianças, como temos visto nos últimos dias.
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Professora Bebel, deputada estadual pelo PT, presidenta da Apeoesp