Frederico Alberto Blaauw
Dramáticas e penosas decisões têm sido tomadas, por médicos e pessoal de saúde, no exercício da profissão, ao escolher quem receberá socorro nos hospitais e quem não será atendido, pelo colapso do sistema.
O aumento descontrolado dos casos de covid-19 tem levado ao colapso o sistema de saúde de muitos municípios. Na prática é decidir quem vive e quem morre. Como chegamos a esse estado de calamidade? Uma inconcebível sucessão de erros permitiu chegarmos a esse descalabro – UTI’ssuper lotadas e cemitérios com retroescavadeiras.
Contribuíram para esse resultado o descaso e incompetência, especialmente do Ministério da Saúde; a variante P1 do coronavírus, identificada em Manaus, potencialmente mais contagiosa, o comportamento descuidado de parte da população, a menosprezar medidas preventivas preconizadas pelas autoridades médico-sanitárias.
Nos pequenos e médios municípios, casos que necessitam de internação têm provocado filas de espera por vagas de UTI e uma corrida para liberar vagas para pacientes gravíssimos. A maior parte dos hospitais vive a agonia da falta de vaga.
No Estado de São Paulo, o mais rico da Federação e o mais capacitado para dar combate à pandemia, já atingiu o pico de internações, desde o início da pandemia. Cidades, como Araraquara, apresentam UTI’s lotadas, obrigando a decretação de lockdown; em Jaú a variante circula sem controle, para citar casos mais conhecidos.
Tem o Brasil 5.570 municípios, muitos vivem uma tragédia oculta, sem poder contar com órgãos federais, que deveriam mapear a situação do sistema de saúde no país inteiro e coordenar esforços para que cada um esteja apto a prestar atendimento a todos: leitos onde estão faltando, suprimento de oxigênio, insumos e medicamentos para que não faltem nos hospitais e postos de saúde, trazer ao Brasil vacinas em quantidade suficiente, para imunizar toda população, já que a solução para a covid-19 é a vacina, sempre em falta.
Países que foram previdentes, no planejamento e aplicação da vacina, observam número de casos reduzidos, bem assim internações e óbitos, como é o caso do Reino Unido, que já experimenta início de recuperação da atividade sanitária.
Brasileiros sofrem a angústia de não saber quando todos serão vacinados, não têm certeza de que encontrarão uma vaga, no hospital, caso necessitem, sobre falta de condições mínimas em cidades que não têm estrutura de atendimento sanitário.
Até quando?
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Frederico Alberto Blaauw é mestre em Direito Comercial, advogado e consultor de empresas, professor de Direito Empresarial.