Reabertura das escolas: saúde deve estar em primeiro lugar

Leci Brandão

 

O Brasil identificou a primeira contaminação pelo novo coronavírus no final de fevereiro de 2020. Um ano depois, já temos mais de 250 mil mortes causadas pela Covid-19. Em meio a esse momento que parece ser o mais grave da pandemia até agora, começamos a ver o resultado da reabertura das escolas no estado de São Paulo, que aconteceu há menos de um mês. E as notícias não são nada animadoras.

No dia 25 de fevereriro, a educação paulista chegou à marca de 1.045 casos de covid-19 entre estudantes, professores e outros trabalhadores da educação, em 548 escolas. O levantamento foi feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).

Os números mostram, de forma contundente, que a reabertura das escolas está colocando em risco a vida de professores, funcionários, estudantes e suas famílias, pois a manutenção das atividades presenciais aumenta a circulação do vírus. Não podemos ignorar que nesta semana o país registrou o maior número de óbitos por dia desde o início da pandemia no Brasil e, na última semana, foram registradas duas mortes de professores no estado, em decorrência da Covid-19.

Isso tudo é muito grave. Não podemos compactuar com isso. Compreendemos que o problema é complexo porque as crianças, principalmente as mais novas, precisam do espaço escolar para seu desenvolvimento. Além disso, muitas famílias não têm acesso à internet ou a computadores e celulares para que seus filhos acompanhem as aulas de forma satisfatória. Porém, a saída não é reabrir as escolas sem garantir a necessária segurança a todos os envolvidos nesse processo, colocando a saúde e a vida em risco.

A escola e a educação são fundamentais, mas precisamos pensar na saúde e na vida de todos. Seria fundamental que, antes dessa reabertura, professores e trabalhadores da educação tivessem sido incluídos como público prioritário para a vacinação. Isso para citar apenas uma das medidas que deveriam ter sido tomadas antes dessa reabertura que em menos de um mês já está se mostrando desastrosa.

Não podemos inverter prioridades. O que mais importa agora é a saúde. Por isso, nesta semana assinamos um manifesto de deputados e deputadas estaduais do Fórum de Parlamentares das Comissões de Educação das Assembleias Legislativas, manifestando nossa preocupação com o retorno das atividades educacionais presenciais. Também já encaminhamos Requerimento de Informação para que a Secretaria de Educação esclareça o procedimento de volta às aulas, solicitamos audiência com o Secretário de Educação do Estado para tratarmos do tema e estamos levando essa situação para a Comissão de Educação e Cultura da Alesp.

Acreditamos que a saída não é a adoção de medidas fáceis e que agradem a determinados grupos. A solução para esse momento difícil só pode surgir do diálogo, da cooperação e da certeza de que é preciso fazer o que é certo. Precisamos acabar com as conveniências, muitas vezes eleitoreiras, e pensar no bem da população.

Manifesto todo apoio aos professores e aos funcionários das escolas que estão reivindicando uma coisa tão básica e que todos nós queremos: direito à saúde e à vida.

Que a vacina chegue logo para todos e todas!

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Leci Brandão, deputada estadual do Estado de São Paulo São Paulo (PCdoB)

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