O álcool é a substância psicoativa com maior consumo e dependência no Brasil, sendo responsável por mais de 3 milhões de mortes todos os anos no mundo, alerta a Santa Casa de Piracicaba. O assunto entrou em pauta no Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, 18 de fevereiro, como forma de informar e conscientizar a população.
Segundo o médico psiquiatra do Sesmt (Serviço de Medina e Segurança no Trabalho) da Santa Casa de Piracicaba, Arthur Cardoso (CRM 129628), o uso abusivo de álcool atinge proporções epidêmicas no País, sendo componente importantíssimo no desencadeamento da desestruturação social com inúmeras consequências negativas para a sociedade.
“Dados epidemiológicos nacionais revelam que 13% da população brasileira apresentam quadro de dependência alcoólica e que os danos sociais causados pelo álcool tendem a piorar nos próximos anos, já que os jovens estão consumindo bebidas alcoólicas cada vez mais cedo, por volta dos 14 anos”, ressaltou.
Ele lembra que, atualmente no mundo, mais de um quarto (27%) dos jovens com idade entre 15 e 19 anos consomem álcool, caracterizado como um dos maiores problemas de saúde pública, principalmente na América Latina.
No Brasil, cerca de 40 mil mortes por acidentes de trânsito e 60 mil homicídios ocorrem todos os anos em decorrência do consumo de álcool. Os custos sociais e de saúde por causa do alcoolismo, entretanto, ainda são inestimados, já que o problema não afeta somente o indivíduo, mas também a família, os amigos e a sociedade em geral.
Cardoso revela que, em sua pesquisa de pós-doutorado, o biocientista Gabriel Andreuccetti, da Faculdade de Medicina da USP, investigou a relação entre o consumo de álcool e as 365 mortes violentas em função de afogamento, queda, intoxicação e envenenamento ocorridas em São Paulo entre 2014 e 2015, demonstrando que 55% delas estavam relacionadas com bebidas alcoólicas.
Outro estudo, feito pela Faculdade de Medicina da USP e publicado em 2018, apontou também a relação entre o consumo de álcool e o suicídio entre os brasileiros ao revelar que 30% das vítimas dos 1.700 suicídios ocorridos entre 2011 e 2015 em São Paulo apresentavam concentrações de teor alcoólico no sangue. “O consumo abusivo de álcool está relacionado também a transtornos mentais, cirrose hepática e câncer, entre outros agravos à saúde”, observou.
O médico revela ainda que perdas econômicas por baixa produtividade, incapacitação, custos hospitalares, depreciação do patrimônio público em razão de acidentes causados pelo abuso de bebidas alcoólicas, violência doméstica e urbana, problemas no desempenho escolar e laboral, transtornos de ansiedade e comportamento sexual de risco também devem entrar na conta dos danos causados pelo álcool no Brasil.