Levantamento da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) mostra que, até a manhã de terça (16), mostra que dispararam os casos de covid-19 entre professores, com o retorno das aulas presenciais. Foram registrados 432 casos de professores com Covid em 253 escolas e, apesar desse aumento de casos nas escolas da rede pública estadual, a presidenta da Apeoesp, deputada estadual Professora Bebel (PT), ressalta que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não comenta os dados denunciados pelos docentes e age como “negacionista”.
Os dados de casos são do levantamento diário que a Apeoesp vem realizando junto aos profissionais da educação, desde o início do planejamento das aulas presenciais, em primeiro de fevereiro. De acordo com o levantamento, o número casos de covid-19 em escolas paulistas já dispara, já que em 8 de fevereiro haviam sido detectados 209 casos em 96 unidades. De acordo com a Professora Bebel, ao menos sete funcionários morreram em decorrência da doença em escolas de São Paulo, São José do Rio Preto, Leme, Praia Grande e Guapiara.
Em Piracicaba, foi registrado o caso de uma professora na EE. Jethro Vaz de Toledo, e de um marido de uma professora da EE. Professora José Martins de Toledo, enquanto que em São Pedro foram registrados quatro casos de professores no Colégio Anglo. Na semana passada, sete escolas foram fechadas em função dos casos de covid-19, confirmados e suspeitos.
Para a deputada estadual e presidenta da Apeoesp, “em que pese o esforço do governador sobre a vacina”, Doria também age como um “negacionista” ao abrir as escolas no “pior período de pandemia”. “E o que é pior, sem ter nenhum cronograma de reformas”, criticou ela em entrevista ao programaRevista Brasil TVT.
Em paralelo ao aumento de casos, alunos e docentes denunciam na rede estadual de ensino a falta de estrutura nas escolas, com salas de aulas sem energia, água, ou condições de cumprir os protocolos de distanciamento entre estudantes. A presidenta da Apeoesp também cita denúncias de que diferentes classes são juntadas em uma única sala por conta da falta de professores. Quase 63 mil profissionais da educação, do total de 192 mil, estão trabalhando virtualmente por pertencerem ao grupo de risco dos que têm mais de 60 anos ou comorbidades.
Para Bebel, como a estrutura das escolas públicas estaduais “não há condições de dizer que ‘enfim dá para trabalhar’, porque não dá. O correto seria manter o trabalho virtual e ampliar a estrutura de acesso para os alunos que não têm internet”, diz a deputada, para quem o governo deveria ter um projeto digital, mas aposta em “empurrar com a barriga”.
Na entrevista, ainda, a deputada Bebel também cobra que a primeira fase de imunização seja ampliada aos profissionais da educação. Para a deputada, é uma “irresponsabilidade muito grande” seguir com a retomada das aulas presenciais diante do agravamento da crise sanitária. “Tem uma fala de Paulo Freire que diz que ‘não é o discurso que ajuíza a prática, é a prática que ajuíza o discurso’. Assim, acho que falta muito juízo na cabeça do governador e do secretário da Educação, Rossieli Soares”, lamenta.