A segunda onda da Covid 19 em Piracicaba

Barjas Negri

 

Em 2020 houve enorme esforço das autoridades públicas, com o auxílio da sociedade civil, para ampliar o combate ao coronavírus em Piracicaba: reuniões, seminários, planejamento, aquisição de insumos e equipamentos, ampliação da oferta de leitos de UTI e de respiradores, fiscalização, treinamento de profissionais da saúde, além de outras importantes ações.

Não foi uma tarefa fácil enfrentar o desconhecido, uma doença a qual não havia uma boa literatura ou manuais de procedimentos. Tivemos que tomar decisões duras em defesa da saúde pública para salvar vidas, sempre seguindo as orientações do Plano São Paulo. Avaliamos que mais acertamos do que erramos. Claro que, para cada decisão do poder Público, houve justa reação de descontentamento, porque envolvia a interrupção total ou parcial de atividades comerciais, de serviços, missas, cultos, aulas etc.

O objetivo das autoridades sempre foi reduzir a circulação do vírus e a sua transmissão, para que menos pessoas fossem infectadas e mais vidas preservadas. As ações de higienização, de isolamento e distanciamento social, eram as medidas disponíveis, pois não havia perspectivas de disponibilização de vacina. Mesmo assim, nada foi fácil.

No mês de julho do ano passado tivemos o maior número de casos da Covid-19 e de óbitos na cidade, que nos meses seguintes pressionaram o sistema hospitalar, com elevada taxa de ocupação de leitos de UTI, até que esses números começassem a ser reduzidos, o que ocorreu no mês de novembro.

No segundo semestre tivemos as eleições, com acirradas campanhas eleitorais, envolvendo muitos candidatos a prefeito e vereadores, cada qual com uma visão diferente da pandemia e das ações para seu combate. Quem não se lembra das passeatas e carreatas no centro comercial da cidade? Algumas delas estimulando a abertura do comércio, sempre com severas críticas às normas de distanciamento e do controle social do Plano São Paulo.

Muitos candidatos fizeram campanhas desrespeitando as regras sanitárias e também muitos empresários. A nossa postura foi contrária, porque vidas humanas importam. Resultado dessas ações contra o isolamento e às regras sanitárias: já em dezembro tivemos aumento do número de casos da Covid-19 e de óbitos, infelizmente.

Essa situação foi agravada pelo clima festeiro e da confraternização tradicional do mês de dezembro. Muitos descumpriram as regras sanitárias, em especial os mais jovens, que não reduziram as frequências em bares e nem utilizaram adequadamente as máscaras ou seguiram as regras de distanciamento social.

Bem, infelizmente, os resultados são agora os conhecidos: mais casos da Covid-19, mais óbitos, mais leitos de UTI ocupados. Isso tem sobrecarregado o bom sistema hospitalar de Piracicaba, tanto na rede pública (SUS) como na particular (hospitais privados).

Recentemente, o Plano São Paulo de Combate ao Coronavírus endureceu as regras e mais pessoas ficaram descontentes em relação às atividades econômicas, mas o fato é que Piracicaba teve recorde do número de casos da Covid-19 (8.774) e de óbitos (56) em janeiro deste ano, quando se comparado aos meses de novembro e dezembro do ano passado. Foi ampliada a taxa de ocupação dos leitos de UTI.

As redes de saúde pública e privada têm excelentes profissionais e infraestrutura de atendimento e sempre trabalham da melhor maneira possível, mas sempre há e haverá um limite. É preciso que, neste momento, todos se conscientizem da necessidade de continuarem cumprir as regras sanitárias: lavar frequentemente as mãos, passar álcool em gel, usar máscaras e evitar aglomerações.

Enquanto uma boa parte da população não for vacinada, o problema da contaminação e transmissão vai continuar ocorrendo e, lamentavelmente, muitas pessoas poderão morrer, para tristeza de seus familiares e amigos. Não é demais lembrar que já morreram 498 piracicabanos (as) em toda a pandemia – levantamento de 11 de fevereiro.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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