Videochamadas amenizam a distância entre pacientes e familiares na Santa Casa

A psicóloga da Santa Casa, Paula Maia, em acolhimento; a enfermeira coordenadora Gisele Vilarinho atende as ligações e conversa com os familiares – Crédito: Divulgação

Devido à pandemia da Covid-19 e ao isolamento social, o Dia Mundial do Enfermo – 11 de fevereiro -, será celebrado de forma diferente este ano pela Santa Casa de Piracicaba, que substituiu os tradicionais trabalhos voluntários de visita presencial aos doentes em recuperação por mensagens ou videochamadas via tablet. Essa nova maneira de se comunicar foi implantada há quase um ano na Instituição e, de acordo com a gestora do cuidado, enfermeira Denise Lautenschlaeger, tem sido uma experiência extremamente positiva em tempos de pandemia por aproximar famílias e abrandar as distâncias impostas.

Segundo ela, o hospital destina quatro aparelhos especialmente para esta finalidade. Eles são utilizados pelos enfermeiros, médicos, assistentes sociais e psicólogos para manter contato com familiares sobre o estado geral de saúde dos pacientes e também, para colocar o paciente em contato com seus familiares. A gestora revela que os aparelhos servem aos pacientes internados também nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) viabilizando contato com os familiares que não podem realizar a visita; na Ala Covid-19, para transmissão de informações sobre o estado geral do paciente aos familiares, em dias e horários pré-estabelecidos; e na UTI Covid-19, para vídeochamadas com os familiares para que tenham a possibilidade de um contato com seu ente querido em tratamento intensivo.

A psicóloga hospitalar Paula Maia conta que, com a suspensão das visitas, seja de parentes dos enfermos ou de voluntários, a instituição precisou se reinventar e fazer uso da tecnologia como forma de manter essa ‘aproximação’, mesmo que seja por meio de telas.

Ela revela que a iniciativa possibilita contatos importantes, permite vivenciar momentos de despedidas, reencontros, orações, pedidos de perdão, declarações de amor e mensagens de positividade, força e fé. “Foi a maneira que encontramos de proporcionar a aproximação, que é muito importante para família e para o paciente sobretudo neste dia, data em que enaltecemos a importância do cuidar, do amar o próximo e de se colocar no lugar do outro”, considerou.

A coordenadora da Comissão de Humanização do Hospital, Daniela Lopes, lembra que a implantação dos tablets atende à proposta de trabalho da Comissão, que atua no sentido de amplificar ações que desmistifiquem o ambiente hospitalar ao aproximar equipes multiprofissionais, pacientes e familiares. “Desta forma, vamos construindo espaços e relacionamentos mais harmônicos e saudáveis”, observou.

REENCONTRO

Assim como no cinema, as telas podem, sim, proporcionar emoções das mais variadas formas. Foi o que aconteceu com a técnica de enfermagem da Santa Casa, Bertile Lorenzon Maisano, 54. Ela, assim como milhares de outros profissionais da saúde, foi reinfectada pela covid-19. A primeira vez em julho, de forma branda, e a segunda vez em novembro, quando a situação ficou gravíssima e ela precisou ficar entubada por 12 dias.

“A evolução dessa doença é muito rápida, minha família estava em pânico e os médicos ligavam para meu marido todos os dias para informar como eu estava. Fui entubada no dia 20 de novembro e extubada em 02 de dezembro. Ainda um pouco ‘grogue’ pelos efeitos dos sedativos, a Gisele (Gisele Vilarinho, enfermeira coordenadora da Ala UTI Covid-19) entrou no meu quarto com o tablet e disse que ia fazer uma videochamada com o meu esposo. Combinamos de eu não aparecer no começo para a surpresa ser ainda maior; e foi. Assim que ela virou a tela para minha direção e meu marido me viu acordada ele explodiu em choro do outro lado. Foi muita emoção. Um alívio, na verdade. É horrível chegar tão perto da morte e ficar alheia a tudo que está acontecendo”, relatou.

Ela conta que a equipe fez muita festa quando ela voltou da sedação e sua filha, que mora em Rio Claro, também ligou para o tablet. “Foi pura emoção e choradeira para todos os lados”. Com sequelas da covid-19, a técnica de enfermagem disse que não vê a hora de voltar a trabalhar. “Já tomei a primeira dose da vacina e é na enfermaria da covid-19 que eu quero voltar a trabalhar para ajudar os pacientes infectados com essa terrível doença”, enfatiza.

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