O primeiro dia de aula presencial na rede estadual de ensino, nessa segunda-feira (8), mostra adesão parcial de professores à “greve sanitária em defesa da vida contra a volta às aulas presenciais”, em função da pandemia do coronavírus, aprovada pela categoria em assembleia na última sexta (5). É o que revela levantamento realizado pela subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores da Rede Oficial de Ensino do Estado de São Paulo), em que a comunidade escolar da E.E. Barão do Rio Branco decidiu aderir 100% ao movimento nesta primeira semana, enquanto que em outras a adesão é parcial, como na E.E. Moraes Barros, onde 19% dos professores compareceram à escola, mas a frequência presencial de alunos ficou abaixo dos 35% estabelecido como meta pelo governo estadual.
O levantamento realizado junto a 61 das 68 escolas da rede estadual de ensino em Piracicaba e região, que responderam à Apeoesp, revela que em 55 delas foram mantidas aulas online e realizadas presenciais também, mas com a presença de apenas parte dos professores. Mostra ainda que a participação de alunos não atingiu a 35% do estabelecido pelo governo estadual em nenhum estabelecimento de ensino.
Na E. E. Dario Brasil, localizada na região da Paulicéia, por exemplo, dos 600 alunos, 34 compareceram, enquanto que na E.E. Professor Hélio Penteado de Castro, no Parque Piracicaba, dos 1.137 alunos, 140 foram à aula presencial. A maior presença foi computada na E.E. Abigail de Azevedo Grillo, na Vila Rezende, com 33% dos alunos, enquanto que nas demais ocorreu uma grande variação, com a maioria registrando baixa participação, mostrando insegurança e temor por parte da população.
A presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel diz que a paralisação está dentro do previsto e que não basta apenas os EPIs para a volta às aulas, uma vez que parte dos professores não tem veículo próprio e irão utilizar o transporte coletivo, sem contar que os alunos, com quem manterá contato, também poderão transmitir o vírus. “O ideal é que todos aderissem ao movimento que visa garantir a preservação de vidas. No entanto, sabemos da pressão feita pelo governo estadual, com ameaça de corte do ponto, mas uma parte significativa dos professores optou por manter o trabalho remoto, preservando as suas vidas”, diz.
A presidenta Apeoesp disse que além disso em boa parte das escolas esse primeiro dia de aula presencial mostrou que não há condições para um retorno seguro. As escolas não apresentam a mínima infraestrutura e professores e funcionários dos estabelecimentos estão encaminhando fotos e vídeos mostrando a realidade dos estabelecimentos de ensino.
Como forma de mobilizar a categoria e orientar a população, a Apeoesp, ao longo desta semana, promoverá diversas atividades de diálogo com a categoria, assim como com pais e alunos, além de utilizar as mídias sociais e de rádio e TV para mostrar sua posição contrária à volta das aulas presenciais nesse momento. A Apeoesp defende a volta das aulas presenciais somente quando houver controle desta crise sanitária e vacinação dos profissionais da educação. Amanhã (10), às 14h, acontece assembleia virtual com a participação de professores, pais e alunos para esclarecimento do movimento. Nesta sexta (12), acontece assembleia on-line regionalizada, das 10 às 13h, para avaliar o movimento ao longo desta semana e definir novas ações.
Nas escolas da rede, a presença não é obrigatória
O governador João Doria (PSDB) anunciou que o ano letivo de 2021 teve início nessa segunda (8), para 3 milhões dos 3,3 milhões de alunos que foram autorizados a retomar as aulas presenciais, em sistema de rodízio, em 4,5 mil das 5,3 mil escolas da rede estadual de São Paulo. Os alunos que não puderem acompanhar as aulas nas escolas devem fazê-las remotamente no Centro de Mídias da Educação de São Paulo. E até mesmo quem retornar à rotina de aulas terá apoio no Centro de Mídia SP.
O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, acompanhou o início das aulas nesta segunda-feira na Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba. “É muito importante para toda comunidade escolar, formada por alunos, professores e funcionários, que a gente inicie o ano letivo presencialmente, de forma segura, respeitando todos os protocolos sanitários. Nenhum tipo de tecnologia substitui a presença do professor em sala de aula, e sabemos que os prejuízos causados aos alunos que se mantém fora da escola por muito tempo são enormes”, destacou.
O Governo do Estado autorizou a abertura das unidades escolares mesmo nas fases mais restritivas do Plano São Paulo, colocando a Educação como serviço essencial no Estado. A decisão é baseada em experiências internacionais para garantir a segurança dos alunos e professores, bem como o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças e adolescentes.
O retorno presencial, entretanto, é gradual e está condicionado à autorização das prefeituras. Mesmo nos municípios autorizados, a presença dos alunos nas escolas não é obrigatória nas regiões que estejam na fase vermelha, laranja ou amarela do Plano São Paulo, mas as escolas poderão permanecer abertas e com atividades nessas etapas. Na rede estadual, neste início do ano letivo, a presença é limitada a até 35% dos alunos matriculados. Cada unidade poderá definir como irá realizar o rodízio de alunos e suas atividades presenciais e remotas. A carga horária também poderá ser adaptada para o cumprimento das normas.
Por isso é importante que pais, responsáveis ou alunos maiores de 18 anos entrem em contato com a sua escola para saber os dias e horários em que poderão ir presencialmente na unidade. “São Paulo defendeu e eu como governador defendi também, fundamentado na orientação do secretário de Educação, Rossieli Soares, a importância da volta às aulas, pela estabilidade emocional das crianças, pelo ensino e a formação das crianças, pela alimentação e pela volta gradual à normalidade para as crianças e professores”, destacou o governador.