O governador João Doria decidiu que as escolas estaduais de São Paulo devem aderir ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (PECIM), criado pelo governo Bolsonaro por meio do Decreto presidencial nº 10.004 de 05/09/2019 e regulamentado pela Portaria n. 2.015 de 20/11/2019. Este programa prevê a instalação das chamadas “escolas cívico-militares” no ensino fundamental e médio, tendo como referência padrões de ensino e modelos pedagógicos empregados por Colégios do Exército, das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros e a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) está orientando a categoria a votar contrária à esta proposta.
A Apeoesp, de acordo com a sua presidenta, a deputada estadual Professora Bebel (PT), se posiciona contrária, porque esse modelo educacional se caracteriza pelo autoritarismo e pela exclusão de estudantes e professores que a ele não se ajustam, “ferindo assim o caráter universal da escola pública, direito de todos e dever do Estado. Caracterizam-se também pelo cerceamento à liberdade de ensinar e aprender, princípio assegurado na Constituição Federal, ao vedar, por exemplo, debates e estudos sobre gênero e diversidade de orientação sexual nas escolas, contrariando decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF)”, diz.
Para a Professora Bebel, as escolas cívico-militares atentam contra a missão e as finalidades da vida escolar, ao impor aos estudantes normas típicas da disciplina militar e uma padronização de comportamento pessoal e até mesmo de vestuário. “É parte da convivência escolar a liberdade de expressão, a tolerância, a troca de experiências e a livre manifestação da individualidade humana. Este cerceamento se opõe “aos princípios constitucionais de promoção da diversidade e liberdade, além de tolher o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas ao também uniformizar as práticas e concepções pedagógicas possíveis de serem implementadas no interior da escola”, como alerta o documento publicado pela Congregação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, contrário à adesão do Estado de São Paulo às escolas cívico-militares”, diz.
Em comunicado dirigido aos professores, a Apeoesp orienta para que a categoria vote contra a implantação as escolas cívico-militares. “Orientamos todas as professoras e professores da rede estadual de ensino a tomarem posição contra essa adesão na consulta que está sendo realizada nas escolas estaduais. Somos contra a adesão a esse programa de cunho autoritário e defendemos a educação pública, gratuita, laica, de qualidade para todos e todos. O que a rede estadual de ensino precisa é de mais investimentos, melhores condições de trabalho, valorização salarial e profissional dos trabalhadores em educação, não de escolas cívico-militares”, enfatiza a presidenta da Apeoesp.