Pandemia e o ensino profissionalizante

Frederico Alberto Blaauw

 

A pandemia e o desemprego trazido por ela têm movimentado o ensino profissionalizante e o mercado do ensino técnico, no Brasil, sobre incrementar os cursos livres, aqueles não regulamentados.

Com o Brasil atingindo 14 milhões de desempregados, o número de matrículas, nos cursos “livres”, deu formidável salto, diante da necessidade urgente de o brasileiro ingressar, no mercado de trabalho, ou de se reciclar.

Atualmente, apenas 10% (dez por cento) dos alunos concluintes do ensino médio, no Brasil, saem de cursos técnicos, percentual muito aquém da média dos países desenvolvidos, embora se estimem existir mais de 5 mil escolas técnicas, no Brasil.

A maior parte dos cursos oferecidos são cursos rápidos, práticos, com baixo  investimento e que oferecem o ambicionado diploma, para começar vida nova, seja para mudar de rumo, complementar a renda, em momentos em que empregos estão escassos.

O crescimento desse seguimento é uma tendência enorme, sendo certo que o maior complexo privado de educação profissional, no Brasil, é o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, com aumento de 64% (sessenta e quatro por cento) nas matrículas, atendendo 10.180 milhão de matrículas de jovens, em busca do primeiro emprego e trabalhadores à procura de recolocação. O SENAI é o maior complexo profissionalizante do país, mantido pela indústria.

Os cursos livres, mais ágeis e rápidos, ajudam a formar profissionais em determinadas áreas, em que existem mais de 5.000 escolas técnicas, oferecendo cursos rápidos, a permitir o exercício de uma atividade nova, com aumento de 80% (oitenta por cento) nas matrículas.

A pandemia de Covid-19 afetou, negativamente, quase todos os setores da economia, especialmente o setor educacional – escolas, faculdades, centros técnicos de educação, todos fechados, procurando se adaptar ao ensino à distância (EAD), de uma hora para outra, desorganizando currículos, forçando aparecimento de nova realidade, eliminando tudo o que não agrega à formação profissional do aluno.

Indício certo do crescimento do mercado de educação técnico-profissional é a procura pela compra de fundos de “private equity” a demonstrar o interesse e apetite pela área de educação técnico-profissional, mercado que tem potencial muito grande no Brasil, para que possamos atingir cerca de 40% (quarenta por cento) de concluintes, nos cursos técnicos profissionalizantes, ao invés dos atuais 10% (dez por cento).

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Frederico Alberto Blaauw é mestre em Direito Comercial, advogado e consultor de empresas, professor de Direito Empresarial.

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