O sinal vermelho de nossa vida

Cristiano Carboni de Campos

 

Quando estamos parados no semáforo com a luz vermelha acesa, uma cena sempre desperta a atenção e traz um questionamento sem resposta: vários veículos avançam o sinal vermelho naturalmente como se aquela atitude fizesse parte de uma convenção predeterminada, na qual não precisasse obedecer ao sinal de parada e a decisão de prosseguir ou não fosse livre a cada um.

O sinal vermelho do semáforo é utilizado para que o pedestre possa atravessar a rua e também para outros veículos transitarem, de modo a fluir o tráfego. Além dessa real função do sinal vermelho, temos as diversas situações de nossas vidas nas quais devemos decidir entre uma atitude ou outra e avaliar se por acaso a consequência dessa atitude afetará ou não outras pessoas. Quantos sinais vermelhos encontramos diariamente em nosso dia a dia?

A sociedade, em sua maioria, possui uma ética individual, que utiliza em momentos e oportunidades que lhe são convenientes, proporcionando um bem-estar intrínseco e egoísta. Quando um indivíduo transgride uma regra social, feita para um bom convívio entre todos, como se ele estivesse livre das penalizações, deve-se questionar até onde irá a sua transgressão e o que estará disposto a fazer para satisfazer os próprios interesses.

Ao ultrapassar um semáforo com a luz vermelha acesa não é muito diferente. O indivíduo está também ultrapassando outras relações sociais de respeito que o harmonizam com outras pessoas e, junto a tal atitude, expõem o que ele é em termos de caráter. O “simples” avanço no sinal vermelho é o início para outros avanços imorais e desonestos. O desrespeito com o próximo e as más consequências resultantes de sua ação não são levadas em consideração. Refletir sobre os nossos atos é refletir sobre nós mesmos e a partir de nós. Saber quem somos e o que desejamos em uma relação social nos faz enxergar o outro ser humano como um ser social com direitos, obrigações e que também busca um tratamento que o dignifique humanamente.

A trajetória de nossos atos morais deve seguir um conceito de um bem comum geral e desta forma podermos ser conscientes de que a ação de não parar no sinal vermelho tem uma consequência prejudicial; contudo, a transgressão de outros sinais vermelhos nos leva a patamares ilimitados que poderão atingir outras pessoas de forma nociva. Cada pessoa conhece o seu limite e de tudo o que é capaz. Sejamos mais criteriosos com nossas ações e que elas não interfiram ou prejudiquem o convívio harmonioso com outras pessoas.

_____

Cristiano Carboni de Campos, professor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima