O nosso eterno recomeço

Natalia Mondoni

 

E então, chegamos na primeira semana de 2021. Janeiro. O mês do recomeço, das metas traçadas, e, não obstante, o período em que ainda estamos com um pé no ano anterior e o outro nas novidades. E, como é difícil recomeçar: o final do ano nos traz um encantamento que nos leva, muitas vezes, para realidades diferentes do arroz e feijão de cada dia, quer dizer, a nossa boa e velha rotina.

A rotina é, por muitas vezes, tida como uma vilã. Em um mundo e sistema que nos impulsiona a sermos cada vez mais rápidos, cada vez mais práticos, e fazermos coisas cada vez mais impressionantes e diferentes, a rotina nos parece, de fato, sinônimo e sucessão de coisas que nos parecem repetidas, monótonas e de onde queremos escapar. Isso me lembra um desenho da turma do Mickey e do Pato Donald – muitos irão se lembrar. Situado na época de Natal, os sobrinhos do Pato Donald e da Margarida desejam que o Natal nunca termine. E o desejo vem exatamente pelo encantamento que a época proporciona – ganham presentes, comem comidas gostosas, tem música todos os dias, podem brincar o dia todo. E, o desejo que o Natal permaneça todos os dias, de repente, se torna realidade. Mas, ao vivenciar este Natal que nunca termina, eles começam a perceber e sentir na pele – e nas olheiras – o quanto viver o Natal todo dia passa a ser extremamente cansativo, sem objetivo, e o quanto a vida normal fez falta para todos.

E esta é uma excelente reflexão para nós. Assim como para as crianças, que precisam de fato de uma rotina consistente para saber o que virá na sequência, a rotina serve para nos lembrar do que é importante a ser realizado, o que deve ser constante, o que precisamos focar nossa atenção e atitudes. Afinal de contas, nesta época em que pensamos tanto em metas e objetivos, podemos considerar que, fazer o que precisa ser feito de forma repetida, nos dá a constância de vivenciarmos processos com início, meio e fim, e que extremos, neste caso, nos dão uma falsa sensação de conquistas. Pelo contrário, nos leva, muitas vezes, a entender ou acreditar que não somos capazes disto ou daquilo, porque o imediatismo nos cobra velocidade dos resultados. O que nos muda e nos molda acontece diariamente.

Portanto, que possamos pensar, neste novo ciclo, o valor e o tempo das coisas. E, sobre nossa rotina, que seja nossa base e, nos momentos de cansaço e desânimo, nos traga, com a sua exceção a dose correta de encantamento, inspiração e coragem para irmos em frente com nossos desafios e sonhos.  Vamos juntos! Com carinho,

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Natalia Mondoni, psicóloga; Instagram @psinataliamondoni

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