Dia do leitor, amanhã!

Camilo Irineu Quartarollo

 

Amanhã é seu dia, caro leitor, cara leitora. Qual livro você prefere? Meus livros de leitura ficam espalhados pela casa. Anoto neles e são motivos de incômodo à arrumadeira (se eu a tivesse). Com um e-reader –  aparelho de leitor digital – não ia criar esses embaraços de visitas se sentarem sobre meus papeis.

O digital é de fácil acesso, barato e você leva a biblioteca dentro de um pen drive ou puxa da “nuvem” e lê embaixo de uma árvore, sem nenhuma poeira, ácaro ou mancha de sebo, nem mesmo as “orelhas” pelo folhear, ou o risco de corona vírus. Uma leitura asséptica, mas insípida para alguns, alheia ao toque, sem o cheiro, sem marca-página, sem aquela “presença” amiga sobre o criado-mudo ou cúmplice ao lado do “trono privado” com revistas e jornais. Para alguns o livro é coisa íntima, gente da família, alguns nem emprestar emprestam.

Ao lermos, extrapolamos o texto original, quem lê já projetou na obra suas próprias impressões, as quais o autor nem percebeu que escrevia sonhos de outrem, passando agora a simples coadjuvante dos sonhos que vão além da simples impressão gráfica.

Vez ou outra a gente vê filmes em que crianças usam frases ou chavões de adultos e vice-versa, em que personagens não têm linguagem adequada ao seu personagem, mas típica de uma sociedade de consumo de frases feitas. Infelizmente muitos se guiam por frases que usam como autoafirmações ou para matar um diálogo, há um arquivo enorme delas na NET. Contudo, se não produzidas por uma ação própria são vazias. As “frases feitas” têm o poder da antítese e da provocação, inflada pelo poder de filósofos ou personalidades que as lançaram, entretanto, são usadas fora do contexto originário e muitas vezes numa apropriação bizarra. As frases feitas, por outro lado, pode ser um começo ao leitor em pesquisar quem as disse, onde e por quê?

Certos vocábulos perdem o sentido com o passar do século, décadas, até mudam de significado, tal como a palavra formidável, que era algo estranho, feio, parecido com formiga, hoje é, você sabe. A boa obra preserva-se pelo uso correto das ferramentas gramaticais, da estrutura, boa pontuação e de palavras tecnicamente bem colocadas.

Por fim, muita gente busca livros bons e acabam comprando os famosos e guardando bem numa biblioteca para algum dia, num feriado, nas férias ou após a aposentadoria, lê-los. O livro é coisa viva e a leitura se torna tanto mais aguçada e crítica quanto mais se ler. Livros não são feitos para guardar, diria que são como o maná. Se os hebreus guardassem para outro dia estragava. Mesmo com validade maior que os alimentos, os livros, mesmo os indigestos, tem validade maior, entretanto caducam e viram pó. No entanto, a experiência humana, suas questões existenciais ou outras transmitem-se de forma de tradição oral ou escrita.

Qual livro você prefere? Digital ou de papel? Leia os dois.

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Camilo Irineu Quartarollo, escrevente, escritor independente e editor digital, autor do livro A ressurreição de Abayomi dentre outros.

 

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