Quem foram os vencedores das eleições do ano de 2020?

Hugo Nogueira Luz

 

Um pouco antes das eleições, conversei com um candidato a vereador de uma cidade de nossa região. Figura conhecida, é uma pessoa polêmica, conhecida por fazer críticas em forma de piadas para a classe política. Na última vez que concorreu teve mais de mil votos. Perguntei qual era sua expectativa para esse ano. A resposta foi direta: “estou trabalhando para 1.500 votos”.

Uma coisa que aprendi na política é que não se deve, jamais, menosprezar o potencial de voto de ninguém. Mas, pensar não é proibido, então, pensei: “acho que não chega a 500”. Não era nada pessoal, mas minha percepção era de que o voto de protesto, que vinha fazendo sucesso nos últimos anos, dessa vez não ia emplacar. Abertas as urnas, a confirmação: menos de 300 votos.

Mas, se por um lado, a estratégia do “pior que tá não fica” não prosperou, os políticos tradicionais também não saíram vitoriosos dessas eleições. Na Câmara de Vereadores de Piracicaba, apenas dez dos 23 parlamentares foram reeleitos, em que pese o fato de que alguns não tentaram a reeleição.

Já há alguns anos tenho identificado essa tendência crescente de renovação das Casas Legislativas, tendo, inclusive, alertado alguns políticos mais antigos da necessidade de se reinventarem se quiserem continuar sendo competitivos. Mas, além disso, o pleito de 2020 trouxe, a meu ver, um fortalecimento dos grupos, com a vitória de candidatos que conseguiram aglutinar pessoas que militam em torno de um objetivo comum. Exemplos disso são os representantes de instituições religiosas, grupos sociais e mesmo de protetores de animais, estes últimos elegeram vereadores em diversas cidades do país.

Já no Paço Municipal, Barjas Negri, com sua extensa carreira política, foi preterido a Luciano Almeida que, embora tenha ocupado cargos de alto escalão nos governos Municipal e Estadual, nunca ocupou cargo eletivo. Além disso, o Prefeito Eleito tem um discurso que se aproxima do “não-político” que vem ganhando força no cenário nacional ao longo dos últimos anos.

O crescimento desse tipo tem ocorrido, para mim, em decorrência da crise política que vivemos no Brasil há anos, com os escândalos de corrupção, sempre existentes, mas expostos de forma explícita recentemente, e a consequente crise de identidade gerada na população. A verdade é que para nós, que trabalhamos com política, está cada vez mais difícil até mesmo falar sobre o assunto. A repulsa tem atingido patamares altíssimos.

Diante de um problema, sempre se encontra uma solução. Para resolver a falta de credibilidade dos políticos, a solução foi a troca das peças. Fica a esperança de que esses novos políticos não se esqueçam para o que foram eleitos, afinal, não governam para grupos, mas sim para a cidade e, para isso, é preciso muita política.

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Hugo Nogueira Luz, jornalista, administrador de empresas, com especialização em Finanças e Gestão Pública

 

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