Psicologia do Trânsito (IV)

Os fenômenos ocorridos no trânsito possuem características peculiares. Por estarmos de passagem nossas atitudes se modificam. Em nosso círculo social, familiar, profissional, estabelecemos vínculos que nos colocam dentro de limites claros. A ausência desses vínculos no trânsito enfraquece a força dos limites e os excessos surgem.

As barras impostas pelas hierarquias, laços de sangue ou a qualquer outro tipo de vínculo grupal praticamente desaparecem. As pessoas em trânsito não caracterizam um grupo.

Para Freud um grupo se forma quando a libido circula entre seus membros. Ele analisa a igreja e o exército como grupos sólidos da civilização, e a unidade grupal é assegurada pela existência de um líder ou de um ideal. Ele utiliza a Paródia de Nestroy onde um soldado brada: ‘O general perdeu a cabeça!’ e todos assírios empreendem fuga. Com esse exemplo pretendo demonstrar que exceto as leis de trânsito, não há laços ou lideranças que unam as pessoas. Ao contrário, assistimos a uma competição.

Vivemos em uma sociedade sem ideais, com a função paterna em declínio vertiginoso e isso se reflete no trânsito. A educação deveria dar mais atenção e disciplinas que, a exemplo da educação ambiental, são formadoras de cidadãos. Já nos disse Pitágoras: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”.

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“O caráter transitório do belo aumenta ainda mais sua valorização. Uma flor não nos parece menos esplendorosa se suas pétalas só estiverem viçosas durante uma noite”. (Sigmund Freud)

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Vi uma mensagem comprometedora no celular de minha esposa a um líder da igreja dela, mas jurou de pé junto que não aconteceu nada fisicamente. Com esforço reconsiderei. Pedi que desse um tempo com a igreja, mas ela continuou. Muito estimulado por ela fiz uma viagem de 30 dias para visitar uma filha distante. Mas ao retornar sequer um beijo recebi. Disse que não sentia mais nada e quer o divórcio. Estou chocado, triste, sem apetite. Ela é a única mulher que amei na vida e está irredutível.

Jonas, MS.

 

Pelo teor do e-mail que recebi, com mais detalhes que aqui colocados, você desenhou uma situação que há tempos está na descendente. A escolha religiosa diferente da sua talvez já indicasse a busca de algo fora de sua vida mais que pela denominação religiosa em si. A mensagem introduz um terceiro na relação do casal, já se configurando a escolha dela.

 

Ela deu vários sinais, talvez na esperança que você tomasse uma atitude por ela, para talvez se livrar do ônus da decisão desejada. Mas ao relutar para salvar o casamento forçou-a, sem saber, que expressasse aquilo que já vem ocorrendo há tempos dentro dela. Como ela já estava com o pé fora do casamento há tempos, o choque que recebe é maior, pois negou olhar as evidências como fatos, considerando-as irrelevantes. Se essa situação se consolidar nessa direção urge fazer o luto para prosseguir na vida.

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