O que é genocídio?

José Maria Teixeira

 

É o que o povo brasileiro está lamentavelmente sofrendo 180 mil mortos, seis milhões de infectados.  Não se assustem é isso mesmo genocídio.Trata-se de matança de uma população no todo ou em parte. Em qualquer dicionário que se pesquise este é o conceito: genos cidere, matar gente em quantidade.

Mas aqui, no Brasil, em que pese já ter tido uma média diária de mil mortes o que ocorre é uma pandemia. Sim. Não vamos nos confundir. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. E como se diz em latim: “in distinctione salus”, na distinção a salvação. O genocídio está na forma de combater a pandemia.

Para combatê-la há que saber: o que é? Como é? E reagir adequadamente. Perguntas estas já feitas ao Presidente da Nação, uma vez que a saúde é um direito do povo e um dever do Estado. Pasmem! Trata-se de uma “gripezinha”. Nem mesmo o “Zé” da esquina daria uma resposta dessas, pois até ele sabe que uma gripezinha não mata mil pessoas por dia.

Convicto do seu diagnóstico compra quantidade considerável de remédio  contra indicado pela medicina mundial para este tratamento por ter efeito colateral passível até de morte. Aliás, sabe-se que um dos ex-ministros da saúde obrigado a colocar no protocolo de tratamento da Covid-19 a tal hidrocloroquina, exonerou-se, uma vez que não lhe assiste a vocação de carrasco.

Ante o número espantoso de mortes ele o presidente tripudia sobre o sentimento dos familiares e diz: “Nós vamos morrer mesmo!” É o desprezo. É o genocídio assistido. Não há nenhuma preocupação em conter a pandemia dizimando a Nação brasileira. São centenas e centenas de mortos de um dia para outro. Pais, mães, filhos, avós, famílias inteiras que continuam sendo arrastados para as covas para a tristeza e desconsolo de muitos. Mesmo assim, ele, o presidente, despreza as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), tidas como únicos meios de conter a pandemia e proteger a vida enquanto não chega a vacina.

E então trata o povo como medroso, covarde, frouxo por acolher o isolamento social e o uso de mascara. Com o poder que tem, provoca aglomerações e lá aparece sem máscara. Deseducado, limpa o nariz com as mãos e, acintosamente, passa a cumprimentar seus apoiadores. Está claro e sem nenhuma dúvida que todos esses procedimentos não visam nenhum combate à pandemia. A mídia vem há tempos mostrando o desleixo nesse enfrentamento. Ninguém seria tão ignorante a ponto de negar a possibilidade de mortes numa pandemia. Da mesma forma, alguém acreditar que num mundo tecnologicamente avançado não se possa salvar muito mais vidas se devidamente assistidas.

O que dizer dos milhões de testes armazenados em barracões prestes a vencer? Por que foram adquiridos? É ridícula a explicação do atual ministro da Saúde quando questionado. Não sabe a que veio. Aliás, sabe-se que não é médico, pelo que diz e faz, não tem ciência infusa e muito menos a assistência do Espírito Santo. É triste, muito triste, saber que neste instante há, por esse Brasil, afora brasileiros e brasileiras morrendo por falta de ar, quando se sabe da existência de centenas e centenas de aparelhos respiratórios novos guardados em depósito.

Pergunte-se a qualquer medico sanitarista qual a consequência da desobrigação da vacina? Pergunte-se sobre o plano de imunização apresentado ao Judiciário para um pais continental como o Brasil quando nada está feito segundo a logística exigida.

A respeito da politização da vacina (Doria x Bolsonaro), aventou-se até decreto para confiscar vacinas. A essa altura, pergunta-se: qual a palavra capaz de descrever a situação do Brasil atingido pela Covid-19 defendido pelo Presidente Bolsonaro e seu estafe? Por tudo o que está ai, eu respondo: genocídio assistido. “Estamos no finzinho da pandemia”, falta apenas levantar os demais genocidas, pois o que aí está, por amor e zelo ao Brasil, não é obra exclusiva do Sr. Jair Bolsonaro.

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José Maria Teixeira, professor, advogado

 

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