Alvaro Vargas
Jesus, durante um diálogo com a mulher samaritana (João 4:19-24), quando inquirido sobre qual o lugar a ser utilizado para adorar a Deus (o grande templo de Jerusalém ou o monte na Samaria), respondeu: “Em verdade, afirmo-te que virá um tempo em que não se adorará a Deus nem neste monte, nem no templo suntuoso de Jerusalém, porque o Pai é Espírito e só em espírito deve ser adorado. Por isso, venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e o seu Criador. As divergências religiosas têm implantado a maior desunião entre os membros da grande família humana. Entretanto, o Pastor vem ao redil para reunir as ovelhas que os lobos dispersaram” (Boa Nova, cap. 17, Humberto de Campos e Chico Xavier). Jesus não criou uma religião; revelou um código de conduta para sermos felizes. As religiões criadas pelos homens, mesmo mantendo o aspecto moral dos seus ensinamentos, muito pouco se assemelham a sua Boa-nova.
Entre as diferentes religiões institucionalizadas no mundo, as que possuem o maior número de adeptossão: o Cristianismo (Igreja Católica Romana e Reformadas) com 2,4 bilhões de fiéis, seguido do Islamismo (1,8 bilhão) e Hinduísmo (1,1 bilhão). Embora apresentem ensinamentos filosóficos equivalentes, em termos da moral e da ética, pregando o amor e a fraternidade entre os homens, diferem de forma substancial na definição de Deus, a Sua justiça e o que nos espera após a morte. Mesmo que todas as religiões sejam dignificantes, Jesus é o governador espiritual da Terra, tendo inclusive coordenado a criação de nosso planeta. Foi o único espírito puro que esteve entre nós e a sua reencarnação na Judeia foi tão importante quanto a formação de nosso planeta (A Caminho da Luz, Emmanuel e Chico Xavier). O Cristianismo, teve como base a primeira grande revelação à humanidade, através de Moisés, no Sinai, onde ele recebeu mediunicamente o Decálogo, através dos prepostos do Mestre Nazareno. Com Jesus, recebemos a segunda revelação, a sua a Boa-nova. Esses ensinamentos, são os mais adequados para nossa humanidade. Como todas as revelações espirituais são dosadas, de acordo com o nosso nível intelecto-moral, assim como os profetas que o precederam, Jesus não pode revelar tudo, profetizando a vinda do Consolador (Espiritismo), que viria, esclarecer a sua mensagem (João, 14:16-17).
A terceira revelação, ocorreu dezoito séculos após o advento do Cristo, através do codificador do Espiritismo, Allan Kardec. Elenão a considerou como mais uma religião, e sim, uma doutrina científica, moral e filosófica. Emmanuel (O Consolador, Questão 353, Chico Xavier), quando questionado se o Espiritismo veio ao mundo para substituir as outras religiões,respondeu: “O Consolador, como Jesus, terá de afirmar igualmente: eu não vim destruir a Lei. O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, mas sim, trabalhar para transformá-las”. A doutrina espírita não possui dogmas, mas admite postulados, como: existência de Deus, imortalidade da alma, pluralidade das existências (necessária para a evolução intelecto-moral do espírito), lei de ação e reação (que explica a justiça divina nas reencarnações) e a comunicação com os espíritos (através dos médiuns). Leon Denis (No Invisível, cap. XI. Aplicação moral e frutos do Espiritismo) considera que “aos poucos as religiões do mundo irão agregar os conceitos fundamentais do Espiritismo; ficarão naturalmente tão parecidas, que não se fará mais a distinção entre uma e outra. Pouco importará a qual religião se siga. Haverá uma harmonia mundial em relação a conceitos sobre vida e espiritualidade. Todos unidos em concordância, em prol do Bem Universal”.É o que já ocorre nas cidades do mundo espiritual, nas quais não existem religiões e vivenciamos a nossa religiosidade conforme os esclarecimentos de Jesus(Nosso Lar, André Luiz e Chico Xavier).
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Alvaro Vargas, Eng. Agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita