Natalia Mondoni
Com todo esse cenário de pandemia que vivenciamos ao longo de 2020, muitas vezes nos sentimentos com sensações que jamais poderíamos imaginar viver. E, para muitos de nós, a ansiedade chegou e se mostrou muito presente, às vezes não identificada, mas muito sentida. Mas, já faz algum tempo que vivemos esta realidade. Segundo a OMS, em uma pesquisa realizada no ano de 2019, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Estatísticas mostraram que quase 20 milhões de brasileiros, coisa de quase de 10% da população, sofre com algum grau da ansiedade. E, se ela nos afeta como indivíduos, como consequência óbvia temos nossos relacionamentos também afetados.
Quando estamos inseridos em um relacionamento, inevitavelmente fazemos projeções em relação à ele, ou seja, temos certas expectativas de como será, quais serão os planos, de que forma nos comportaremos e como o outro, com o qual estamos nos relacionamos, se portará. Porém é neste interim que a ansiedade se instala: temos a dificuldade em vivenciar o aqui e o agora, os dias atuais, equilibrando as nossas expectativas, o que vem do outro e os nossos planos e objetivos em relação àquela relação. Sim, pois é natural, esperado e maduro que olhemos para o horizonte e em construir algo. Porém, para algumas pessoas isto também poderá significar um sofrimento intenso e a perda da percepção do momento presente. E então, percebemos e sentimos as dificuldades de se manter uma relação em que a ansiedade se instala, pois há prejuízos na conexão e estabelecimento da intimidade entre essas pessoas.
Portanto, é necessário que busquemos nos olhar de forma profunda para entender se, de fato, a ansiedade faz parte da nossa vida e se interfere em nossos relacionamentos. Uma vez que identificamos que sim, se faz presente, é importante fazer o exercício de manter a atenção concentrada no agora – que é o que temos, não? Com a atenção no agora, ou seja, no dia de hoje, podemos perceber melhor quais são as nossas necessidades e as do parceiro. Também ganhamos o benefício, quando estamos mais atentos, a se conectar mais, pois passamos a conhecer melhor o outro, e também nos permitimos ser conhecidos. Diz um ditado que só amamos aquilo que conhecemos, e o caminho é esse. E, obviamente, não podemos nos esquecer que a alegria e o bom humor são ingredientes que nos ajudam, para que possamos olhar para as situações difíceis e desafiadoras e encontrar soluções e, quem sabe, risos que deem às mãos para a superação.
Importante também entender que, muitas vezes, teremos dificuldades em lidar com a ansiedade sozinhos, e, portanto, precisamos de ajuda profissional. Um psicólogo pode nos ajudar a entender melhor como a ansiedade está se manifestando em nossa vida, conversando e ajudando o paciente a entender quais são as possibilidades e caminhos, para que possamos nos sentir cada vez melhores.
Relacionamentos são aprendizado e construção. Como está o seu, (no) hoje? Com carinho,
______
Natalia Mondoni, psicóloga, Instagram @psinataliamondoni