O grau de escolaridade do país está, diretamente, relacionado à ascensão social dos descendentes. Recente pesquisa mostrou que, em grupo de 100 pessoas, com pouca ou nenhuma instrução, 70 chegaram ao final do ensino fundamental e 04 ou 05 concluíram o ensino superior.
Estudos apontam que só 5% de filhos de pais, sem instrução, chegam ao ensino superior no Brasil.
Para o Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), a falta de mobilidade social, no Brasil, é fator de perpetuação da pobreza, mesmo após anos de crescimento econômico e de programas de transferência de renda.
Na prática, pode-se afirmar que a falta de mobilidade social, no Brasil, é responsável pela dificuldade que um filho de família pobre tem para ascender, na pirâmide social, e ter melhores salários.
Principais barreiras estão na educação, na saúde, na assistência social, agravadas quando envolve a população negra.
Em 2019, 01 em cada 04 brasileiros viviam com menos de 04 dólares por dia, o que caracteriza condição de pobreza. Em 2020, com o auxílio emergencial mudou o panorama, mas o filme é o mesmo. Estudiosos afirmam que os pobres de hoje são filhos dos pobres de ontem, revelando a falta de políticas públicas, para combater a falta de mobilidade social.
Nos debates da Reforma da Previdência, aprovada no ano passado, políticas públicas são voltadas para aliviar a condição de pobreza, no curto prazo, mas não há investimento efetivo, na qualidade do capital humano de crianças de jovens, para que possam conquistar suas próprias oportunidades. Faltam programas sociais que façam com que crianças e jovens disputem a mesma corrida, sem os obstáculos da pobreza.
Dados compilados, no Brasil, pelo IMDS, mostram que são necessárias 09 gerações, em média, para que alguém, nascido de família de baixa renda, alcance o rendimento médio da sociedade, enquanto em países ricos a espera é de 4,5 gerações.
Mostram os dados que a situação se agrava, quando se considera a população negra. Entre filhos de pais sem instrução, a chance de terminar o ensino superior é de 6% para brancos e 3,7 % para negros.
A problemática da mobilidade social não está restrita à questão social, uma vez que atinge, também, brancos pobres.
Que nos falta? Políticas que melhorem a efetividade dos gastos em educação, aumentem a mobilidade social e, no futuro, diminuam o abismo salarial entre a renda de classes.
Não podemos esquecer que a educação é o mais potente fator para a mobilidade social.
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Frederico Alberto Blaauw é mestre em Direito Comercial, advogado e consultor de empresas, professor de Direito Empresarial.