Alvaro Vargas
Na literatura cristã, esse evento, refere-se ao infanticídio ocorrido, a mando do rei da Judeia, Herodes (73 – 4 a.C.), considerado o grande, pelas edificações que realizou durante o seu reinado. Os “três reis magos”, que vieram conhecer o menino Jesus, na verdade, não tinham reinados, mas receberam esse título pela sapiência que detinham. Eles dirigiam escolas iniciáticas, para o aprimoramento espiritual de seus seguidores, respectivamente, Melchior (da região na península do Sinai), Gaspar (Índia) e Baltazar (golfo Pérsico). Chegaram na mesma época na Judeia, graças ao conhecimento astrológico que possuíam, e que os permitiu, sem se conhecerem, identificarem a data e o local aproximado do nascimento do Messias, conforme relatado no Evangelho: “eles viram a estrela dele, no Oriente” (Mateus, 2:2). Herodes, era um rei tirano, e ao tomar conhecimento que poderia ter um “rival”, conforme predito pelas profecias sobre a vinda do Messias, temeu ser destronado.
No encontro que teve com os magos, Herodes escondeu as suas reais intenções e os enviou a Belém, de modo que eles localizassem Jesus, e solicitou ser informado, de modo a conhecê-lo pessoalmente. Eles saíram de Jerusalém, seguindo uma estrela, cujo brilho orientava o caminho a ser percorrido. Entretanto, de acordo com a ciência oficial, essa ocorrência luminosa, se for baseado apenas numa hipótese astronômica, não é factível. Allan Kardec (A Gênese, cap. XV, item 4), sugere que essa estrela é uma figura de linguagem, representando a forma luminosa de espíritos muito evoluídos, cujo brilho, indicou o caminho a ser tomado. Jesus nasceu em 6 a.C., época em que os Magos o encontram, e o reverenciam como o soberano do planeta; cada um deles ofertou um presente (ouro, incenso e mirra), que detinham um significado simbólico. “Segundo o entendimento mais profundo, o ouro representa a luz, portanto, a sabedoria; o incenso é a devoção, que espalha o bom odor do espírito às criaturas; e a mirra, é o consumir-se para beneficiar” (Sabedoria do Evangelho, Torres Pastorino, vol. 1).
Os magos pernoitaram no local, e em desdobramento espiritual, foram alertados pelos benfeitores a respeito das intenções homicidas do rei da Judeia; regressam então, para as suas regiões de origem, por outros caminhos. José (pai biológico de Jesus), também foi avisado, e em sua visão mediúnica, recebeu a recomendação para que deixassem Belém, e fossem para o Egito (Mateus, 2:13-15). “Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ele ficou furioso e mandou matar todos os meninos de Belém e seus arredores que estavam dois anos para baixo segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos” (Mateus 2:16). Esse evento foi confirmado pelo espírito Amélia Rodrigues (A Mensagem do Amor Imortal, cap. 24, Divaldo Franco), e segundo historiadores modernos, foram aproximadamente 40 crianças martirizadas. Na visão espírita, foi um resgate coletivo, de almas comprometidas com iniquidades em existências pregressas.
A ida para o Egito foi oportuna, um local seguro para quem necessitava fugir da perseguição do rei da Judeia. Eles (José, Maria e Jesus) permaneceram no Egito por quase dois anos, até a morte de Herodes. No regresso a Israel, preferiram ficar longe da Judeia, estabelecendo-se na cidade de Nazaré, na Galileia. Importante compreender que todos os obstáculos criados na tentativa de evitar a mensagem da “Boa-nova” partiram das forças sombrias, que ainda atuam na Terra. Allan Kardec cita que: “Ninguém ignora que quando o Cristo, nosso muito amado Mestre, encarnou-se na Judeia, aquela região havia sido invadida por legiões de maus espíritos” (Revista Espírita, abril 1862). Jesus e os espíritos iluminados que o acompanham conseguiram superar todas as dificuldades, neutralizando as influências maléficas dos espíritos atrasados, de modo a nos legar a sua inigualável mensagem de amor.
______
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita