No livro bíblico de Eclesiastes (2: 4-11), Salomão cita que “a felicidade não é deste mundo”; intrigante que um reirico e poderoso, há quase 3.000 anos, tenha chegado a essa conclusão; mas ele era conhecido pela sua sabedoria e conseguiu compreender as aflições humanas. Jesus, espírito puro e médium de Deus, quando interrogado por Pilatos, mencionou que “meu reino não é deste mundo”(João 18:36). Admitindo como verdade as citações de Salomão e Jesus, como explicar a decisão de Deus, um Pai amantíssimo, permitindo a nossa habitação num localonde não podemos ser felizes, e que sequer faz parte de Seu reino? De fato, vivemos em um mundo onde predomina a violência e o egoísmo; ao longo de nossa história, impérios têm sido erguidos, deixando um rastro de sangue e destruição, para logo em seguida desaparecerem. Observando as pessoas, mesmo aquelas mais bem aquinhoadas de saúde, beleza e riqueza,todas vivenciam a sua cota de dissabores.
O Espiritismo elucida as nossas dúvidas; é a mensagem atualizada de Jesus para toda a humanidade. Traz as informações que suprem a nossa necessidade intelectual, permitindo a construção de uma fé raciocinada. Ao esclarecer que fomos criados simples e ignorantes, evoluindo através das reencarnações, compreendemos queo estágio atual é uma fase transitória de umlongo processo evolutivo. Salomão, conforme o Eclesiastes, está correto, pois o nosso planeta já foi um mundo primitivo e encontra-se no momento como um mundo de provas e expiações (onde predomina a maldade);está evoluindo e eventualmente será um mundo feliz. E Jesus, conforme citado pelo evangelista João, apenas se referiu ao fato de que a nossa verdadeira pátria é o mundo espiritual (eterno); o mundo material é transitório, necessário apenas para o nosso aperfeiçoamento moral e intelectual.
Quanto as aflições que vivenciamos, são reflexos de decisões equivocadas que tomamos na existência atual, como também, efeito das iniquidades praticadas em existências pregressas.Todos nós seguimos um plano estabelecido para as experiências na Terra, e juntos aos nossos mentores, antes de reencarnar, assumimos o compromisso de superar os desafios inerentes ao programa evolutivo que foi estabelecido; não podemos agora recuar, sob pena de agravarmos os nossos débitos. A lei de “causa e efeito”, criada por Deus, é perfeita e imutável. A todo instante, pelas nossas atitudes, estamos tornando a nossa estadia terrena mais amena ou mais difícil, conforme nosso procedimento. Toda ação no bem, reverte em nosso benefício, atenuando as nossas provas e expiações; se resvalarmos para as iniquidades, embora não retrocedendo em nosso processo evolutivo, podemos assumir débitos morais para esta e as próximas reencarnações.
Importante compreendermos que os maiores desafios que enfrentamos estão dentro de nós mesmos. Todas as experiências terrenas estão “arquivadas” em nossa alma imortal. Dessa forma, caso não tenhamos disciplina moral, seremos inclinados a mantermos o procedimento equivocado do passado. O fato de não recordarmos dessas existências pretéritas é um benefício que nos foi concedido, permitindo um recomeço, nos reencontros com antigos adversários, que de outra forma seria muito difícilsuperar o desafio que nos foi imposto; muitos conflitos familiares têm a sua origemjustamente nas desavenças do passado. Entretanto, só terão valor, as aflições vivenciadas nas quais saibamos suportar com humildadee resignação; a revolta anularia essa prova. Quando Jesusmencionou “Bem-aventurados os aflitos” (Mateus, 5:4), se referiu àqueles que souberam aproveitar essa experiência.Cumprindo as nossas obrigações de acordo com os postulados do Cristo, estaremos com a nossa consciência tranquila; essa paz de espírito, já representará uma felicidade “relativa”, mesmo que em nossa volta persistam os problemas que nos afligem.