Conta a história que os cemitérios pertenciam à Igreja Católica. Isso ocorria no Brasil desde sua fundação. Em Piracicaba não era diferente. Os primeiros enterros ocorreram próximo à matriz, conhecida como Igreja de Santo Antônio, em frente à praça José Bonifácio. Como detentora deste direito, muitas igrejas possuíam pequenos cemitérios dentro de sua edificação ou ao seu lado. Eram costumes vindos em especial da França. Com o avanço do tempo e a preocupação com a saúde, os cemitérios foram descentralizados. Em 1860, um dos cemitérios mais conhecidos situava-se a cerca de quatro quadras da Matriz, precisamente onde hoje está a praça Tibiriçá, cruzamento da rua Alferes José Caetano com a rua Treze de Maio. É fácil recordar: ficava no quarteirão que abriga a Escola Estadual Moraes Barros. Tempos depois, o cemitério foi transferido para um pouco mais longe da Matriz, precisamente onde hoje encontra-se o Colégio Dom Bosco/Assunção, onde se situava a Irmandade da Boa Morte. Não é a toa que a rua se chama rua Boa Morte, ou nos registros cartoriais, rua da Boa Morte. Cada falecido que passava pela rua levava os votos dos vivos de “boa morte”. Em 1872, instala-se o cemitério num dos pontos mais altos de Piracicaba, próximo à rua da Quitanda (hoje rua XV de Novembro). Quem inaugurou aquilo que conhecemos por Cemitério da Saudade foi o vigário local padre Joaquim Cypriano de Camargo. O local mais distante foi utilizado para evitar que as doenças transmissíveis pelos cadáveres se propagassem aos vivos. (Edson Rontani Júnior)